São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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Por "convicção", Sandra tirou feto

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo telefone, ouve-se a voz alegre de Gabriel, 3, conversando com a mãe, a contadora Sandra Regina Miranda Barbosa, 28. "Espera que a mamãe já fala com você." "Sabe, eu costumo dizer que o Gabriel é como se fossem três, de tão sapeca."
Não é só força de expressão. Antes dele, Sandra engravidou duas vezes. Numa, sofreu aborto espontâneo, na 9ª semana. Na outra vez, com cinco meses e meio de gestação, num exame de rotina, veio o diagnóstico: "anencéfalo".
"Eu quase morri. Voltei do laboratório a pé com aqueles exames na mão, dizendo que meu filho não tinha a calota craniana, as costas não se fecharam da metade da coluna para cima, que ele tinha fissura no palato, o coração desviado para o lado direito, o intestino para fora. Minha pressão caiu, eu tive de parar várias vezes no caminho para não cair. Chorava."
Ao chegar em casa, em Tatuí (SP), ligou para o médico. "Quando ele começou a me consolar, vi que tinha de tomar uma atitude." Sandra foi para São Paulo. Fez uma nova bateria de exames.
Orientada, contratou um advogado para obter a autorização de interrupção de gestação. "Na época, várias amigas minhas estavam grávidas. Eu olhava para elas e pensava: quando eu for para o hospital, voltarei com as mãos vazias; elas voltarão com nenês."
"Eu já tinha enxoval e tudo. Mas não hesitei. Só tinha medo de não poder ter filho, de ter outro com problema." Agora tem. (LC)


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