|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Por "convicção", Sandra tirou feto
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo telefone, ouve-se a voz alegre de Gabriel, 3, conversando
com a mãe, a contadora Sandra
Regina Miranda Barbosa, 28. "Espera que a mamãe já fala com você." "Sabe, eu costumo dizer que
o Gabriel é como se fossem três,
de tão sapeca."
Não é só força de expressão. Antes dele, Sandra engravidou duas
vezes. Numa, sofreu aborto espontâneo, na 9ª semana. Na outra
vez, com cinco meses e meio de
gestação, num exame de rotina,
veio o diagnóstico: "anencéfalo".
"Eu quase morri. Voltei do laboratório a pé com aqueles exames na mão, dizendo que meu filho não tinha a calota craniana, as
costas não se fecharam da metade
da coluna para cima, que ele tinha
fissura no palato, o coração desviado para o lado direito, o intestino para fora. Minha pressão caiu,
eu tive de parar várias vezes no caminho para não cair. Chorava."
Ao chegar em casa, em Tatuí
(SP), ligou para o médico. "Quando ele começou a me consolar, vi
que tinha de tomar uma atitude."
Sandra foi para São Paulo. Fez
uma nova bateria de exames.
Orientada, contratou um advogado para obter a autorização de
interrupção de gestação. "Na época, várias amigas minhas estavam
grávidas. Eu olhava para elas e
pensava: quando eu for para o
hospital, voltarei com as mãos vazias; elas voltarão com nenês."
"Eu já tinha enxoval e tudo. Mas
não hesitei. Só tinha medo de não
poder ter filho, de ter outro com
problema." Agora tem.
(LC)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: 67% defendem direito de parar gravidez em SP Índice
|