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ADMINISTRAÇÃO
Empresa cancelou, ontem à noite, entrevista para detalhar apresentação, e diz que ainda há "arestas a serem aparadas"
Produtora põe em dúvida show do Pearl Jam
DANIELA TÓFOLI
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fãs do Pearl Jam de São Paulo
ainda não podem respirar aliviados. A prefeitura liberou o estádio
do Pacaembu para o show, mas
agora quem não sabe se ele acontecerá é a produtora do evento no
país, a CIE Brasil. A empresa havia convocado uma entrevista para as 9h de hoje, em que anunciaria detalhes do show mas, às 19h
de ontem, ela foi cancelada.
Segundo Fernando Altério, diretor da CIE Brasil, os shows do
Pearl Jam em São Paulo, originalmente marcados para 2 e 3 de dezembro, no Pacaembu, "devem"
acontecer. "Há várias arestas a serem aparadas, uma série de detalhes que devemos estudar em relação às normas da prefeitura.
Imaginávamos resolver hoje [ontem], mas não foi possível", disse.
Ainda segundo Altério, há a
possibilidade de o show ocorrer
em outro local, como a Arena
Skol Anhembi. Mas não está descartada a hipótese de a banda não
tocar em São Paulo. "Estamos fazendo o possível e o impossível
para que o show aconteça, mas
não há nada definido." Altério
disse que a decisão deve ocorrer
na segunda ou na terça-feira.
À tarde, a assessoria da CIE Brasil havia garantido que cumpriria
as normas da prefeitura. Os moradores do bairro da zona oeste,
no entanto, não acham que as medidas irão amenizar os problemas
e prometem protestar no dia do
show se ele vier a acontecer.
"Ainda acredito que o prefeito
José Serra [PSDB] vai cumprir sua
promessa", diz a presidente do
conselho-deliberativo do Movimento Viva o Pacaembu por São
Paulo, Iênedis Benfati. Em 19 de
setembro, após uma apresentação ultrapassar o horário permitido, ele havia suspendido qualquer
concerto no estádio. Anteontem,
no entanto, a prefeitura recuou.
O show voltou a ser permitido
desde que a produtora e órgãos
municipais, como a CET, cumpram uma série de exigências. Entre elas, a restrição do tempo de
passagem de som e da montagem
e desmontagem do equipamento.
O show também não poderia passar das 21h45, incluindo o bis.
Vizinha do estádio, Janete Rahal, 60, não acredita no cumprimento das normas. "Eles não respeitam os moradores. Quando
tem show aqui, a gente não consegue entrar e sair de casa de tanto
trânsito", conta.
Promessas
Entre as promessas da prefeitura está a criação de bolsões para
carros. Os estacionamentos da região têm capacidade para 17 mil
veículos mas, segundo estudos
preliminares, apenas 5 mil carros
são esperados por noite. "Vamos
testar uma nova operação de
trânsito. Os moradores podem ficar tranqüilos", afirma o presidente da São Paulo Turismo, Caio
Luiz de Carvalho.
Iênedis Benfati não está nada
tranqüila e garante que, caso o
show realmente ocorra, os moradores irão protestar. "Entramos
na Justiça e, se não der certo, vamos decidir como agir." Segundo
ela, o evento não pode ocorrer
porque o estádio não tem alvará
de funcionamento. A informação
foi confirmada pela prefeitura,
que explicou que falta ao Pacaembu o alvará do habite-se.
Segundo a assessoria, a exigência não existia quando o estádio
foi construído. Hoje, antes de cada evento, é feita uma vistoria para avaliar as condições do local. A
Secretaria Municipal de Esportes,
responsável pelo estádio, informou que o processo para obter o
alvará definitivo está desde 92 na
Secretaria de Habitação. A demora se deve à falta de recursos para
fazer os ajustes exigidos.
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