São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Empresa cancelou, ontem à noite, entrevista para detalhar apresentação, e diz que ainda há "arestas a serem aparadas"

Produtora põe em dúvida show do Pearl Jam

DANIELA TÓFOLI
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fãs do Pearl Jam de São Paulo ainda não podem respirar aliviados. A prefeitura liberou o estádio do Pacaembu para o show, mas agora quem não sabe se ele acontecerá é a produtora do evento no país, a CIE Brasil. A empresa havia convocado uma entrevista para as 9h de hoje, em que anunciaria detalhes do show mas, às 19h de ontem, ela foi cancelada.
Segundo Fernando Altério, diretor da CIE Brasil, os shows do Pearl Jam em São Paulo, originalmente marcados para 2 e 3 de dezembro, no Pacaembu, "devem" acontecer. "Há várias arestas a serem aparadas, uma série de detalhes que devemos estudar em relação às normas da prefeitura. Imaginávamos resolver hoje [ontem], mas não foi possível", disse.
Ainda segundo Altério, há a possibilidade de o show ocorrer em outro local, como a Arena Skol Anhembi. Mas não está descartada a hipótese de a banda não tocar em São Paulo. "Estamos fazendo o possível e o impossível para que o show aconteça, mas não há nada definido." Altério disse que a decisão deve ocorrer na segunda ou na terça-feira.
À tarde, a assessoria da CIE Brasil havia garantido que cumpriria as normas da prefeitura. Os moradores do bairro da zona oeste, no entanto, não acham que as medidas irão amenizar os problemas e prometem protestar no dia do show se ele vier a acontecer.
"Ainda acredito que o prefeito José Serra [PSDB] vai cumprir sua promessa", diz a presidente do conselho-deliberativo do Movimento Viva o Pacaembu por São Paulo, Iênedis Benfati. Em 19 de setembro, após uma apresentação ultrapassar o horário permitido, ele havia suspendido qualquer concerto no estádio. Anteontem, no entanto, a prefeitura recuou.
O show voltou a ser permitido desde que a produtora e órgãos municipais, como a CET, cumpram uma série de exigências. Entre elas, a restrição do tempo de passagem de som e da montagem e desmontagem do equipamento. O show também não poderia passar das 21h45, incluindo o bis.
Vizinha do estádio, Janete Rahal, 60, não acredita no cumprimento das normas. "Eles não respeitam os moradores. Quando tem show aqui, a gente não consegue entrar e sair de casa de tanto trânsito", conta.

Promessas
Entre as promessas da prefeitura está a criação de bolsões para carros. Os estacionamentos da região têm capacidade para 17 mil veículos mas, segundo estudos preliminares, apenas 5 mil carros são esperados por noite. "Vamos testar uma nova operação de trânsito. Os moradores podem ficar tranqüilos", afirma o presidente da São Paulo Turismo, Caio Luiz de Carvalho.
Iênedis Benfati não está nada tranqüila e garante que, caso o show realmente ocorra, os moradores irão protestar. "Entramos na Justiça e, se não der certo, vamos decidir como agir." Segundo ela, o evento não pode ocorrer porque o estádio não tem alvará de funcionamento. A informação foi confirmada pela prefeitura, que explicou que falta ao Pacaembu o alvará do habite-se.
Segundo a assessoria, a exigência não existia quando o estádio foi construído. Hoje, antes de cada evento, é feita uma vistoria para avaliar as condições do local. A Secretaria Municipal de Esportes, responsável pelo estádio, informou que o processo para obter o alvará definitivo está desde 92 na Secretaria de Habitação. A demora se deve à falta de recursos para fazer os ajustes exigidos.


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