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SAÚDE
Tempo médio de internação teve redução nos últimos quatro anos, segundo dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira
Pacientes ficam um dia a menos em UTIs
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O tempo médio de permanência de um paciente em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) diminuiu um dia nos últimos quatro
anos. O doente passou a ficar 6,1
dias internado contra 7,1 dias, segundo dados da Associação de
Medicina Intensiva Brasileira.
Essa redução significa menos
estresse, maior capacidade de recuperação por conta da proximidade da família, menos infecções
e economia para os hospitais.
Isso porque um paciente custa
cerca de R$ 980 por dia, em média, dentro de uma UTI, segundo
dados da Amib. O Ministério da
Saúde repassa R$ 213,71 por dia.
O presidente da Amib, José Maria da Costa Orlando, atribui a redução do tempo ao apoio das unidades de terapia semi-intensiva.
Essas unidades -que não são
credenciadas pelo Ministério da
Saúde e são pagas como quartos
comuns- servem como setores
intermediários para que o paciente tenha alta mais precocemente.
Além disso, nas unidades semi-intensivas o paciente tem a mesma assistência da UTI, com
acompanhamento permanente, e
tem a vantagem de poder ficar ao
lado da família. "Quando ele está
na presença da família, o paciente
tem uma recuperação muito mais
satisfatória", avalia o intensivista
Eliezer Silva, do Hospital Israelita
Albert Einstein.
Segundo Orlando, a permanência de um paciente na UTI deve
estar condicionada à real necessidade dos recursos humanos e
equipamentos. "Um dia sem necessidade não melhora nada. Só
aumenta o estresse do doente."
Para o intensivista Marcelo
Moock, chefe da UTI do Hospital
Geral de Pedreira e do Hospital
Geral do Grajaú (hospitais estaduais de São Paulo), as unidades
semi-intensivas são fundamentais para a melhora do paciente.
"Tirar uma pessoa da UTI e levá-la para o quarto é um passo
muito grande. Por isso, o médico
segura mais tempo o doente para
ter certeza de que ele tem condições de ir para o quarto."
A pesquisa
O levantamento sobre a situação das UTIs no Brasil foi feito entre 2001 e 2004 por meio do programa QuaTI (Qualidade em Terapia Intensiva). Foram analisados 41.130 pacientes que ficaram
internados em 53 hospitais (públicos e privados) do país.
O médico intensivista Roberto
Cleva, responsável por uma das
UTIs do Hospital das Clínicas de
São Paulo, diz que o QuaTI permite que o gestor da unidade tenha mais controle sobre a qualidade do atendimento e, com isso,
adote medidas de melhoria. "Isso
é fundamental para que o hospital
conheça seu desempenho diante
de outros hospitais com capacidades similares", diz o médico.
Para Cláudia Romano Bauer,
enfermeira-chefe da UTI do Hospital São Camilo, não são as unidades semi-intensivas que fazem
a diferença. "O QuaTI é um indicador para que os hospitais melhorem o atendimento", diz.
Já para Ana Lúcia Santoro, diretora-clínica do Hospital Geral de
Pedreira, as semi-intensivas são
importantes, mas custam muito
caro. "Um hospital público não
agüenta manter essas unidades
como quartos de enfermaria."
O Ministério da Saúde colocou
em discussão pública a situação
das UTIs para elaborar uma política de padronização das unidades. O credenciamento é um dos
pontos que está em discussão.
Atualmente o ministério não
credencia essas unidades, apenas
paga os procedimentos que são
realizados.
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