São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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SAÚDE

Tempo médio de internação teve redução nos últimos quatro anos, segundo dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira

Pacientes ficam um dia a menos em UTIs

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O tempo médio de permanência de um paciente em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) diminuiu um dia nos últimos quatro anos. O doente passou a ficar 6,1 dias internado contra 7,1 dias, segundo dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Essa redução significa menos estresse, maior capacidade de recuperação por conta da proximidade da família, menos infecções e economia para os hospitais.
Isso porque um paciente custa cerca de R$ 980 por dia, em média, dentro de uma UTI, segundo dados da Amib. O Ministério da Saúde repassa R$ 213,71 por dia.
O presidente da Amib, José Maria da Costa Orlando, atribui a redução do tempo ao apoio das unidades de terapia semi-intensiva. Essas unidades -que não são credenciadas pelo Ministério da Saúde e são pagas como quartos comuns- servem como setores intermediários para que o paciente tenha alta mais precocemente.
Além disso, nas unidades semi-intensivas o paciente tem a mesma assistência da UTI, com acompanhamento permanente, e tem a vantagem de poder ficar ao lado da família. "Quando ele está na presença da família, o paciente tem uma recuperação muito mais satisfatória", avalia o intensivista Eliezer Silva, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo Orlando, a permanência de um paciente na UTI deve estar condicionada à real necessidade dos recursos humanos e equipamentos. "Um dia sem necessidade não melhora nada. Só aumenta o estresse do doente."
Para o intensivista Marcelo Moock, chefe da UTI do Hospital Geral de Pedreira e do Hospital Geral do Grajaú (hospitais estaduais de São Paulo), as unidades semi-intensivas são fundamentais para a melhora do paciente.
"Tirar uma pessoa da UTI e levá-la para o quarto é um passo muito grande. Por isso, o médico segura mais tempo o doente para ter certeza de que ele tem condições de ir para o quarto."

A pesquisa
O levantamento sobre a situação das UTIs no Brasil foi feito entre 2001 e 2004 por meio do programa QuaTI (Qualidade em Terapia Intensiva). Foram analisados 41.130 pacientes que ficaram internados em 53 hospitais (públicos e privados) do país.
O médico intensivista Roberto Cleva, responsável por uma das UTIs do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que o QuaTI permite que o gestor da unidade tenha mais controle sobre a qualidade do atendimento e, com isso, adote medidas de melhoria. "Isso é fundamental para que o hospital conheça seu desempenho diante de outros hospitais com capacidades similares", diz o médico.
Para Cláudia Romano Bauer, enfermeira-chefe da UTI do Hospital São Camilo, não são as unidades semi-intensivas que fazem a diferença. "O QuaTI é um indicador para que os hospitais melhorem o atendimento", diz.
Já para Ana Lúcia Santoro, diretora-clínica do Hospital Geral de Pedreira, as semi-intensivas são importantes, mas custam muito caro. "Um hospital público não agüenta manter essas unidades como quartos de enfermaria."
O Ministério da Saúde colocou em discussão pública a situação das UTIs para elaborar uma política de padronização das unidades. O credenciamento é um dos pontos que está em discussão.
Atualmente o ministério não credencia essas unidades, apenas paga os procedimentos que são realizados.


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