São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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Velório de Eloá atrai 11,8 mil pessoas, tem fila e tumulto

Danilo Verpa/Folha Imagem
Multidão acompanha velório de Eloá; segundo estimativa da Polícia Militar, até o final da tarde, 8.000 pessoas estiveram no local

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o corpo de Eloá Cristina Pimentel, 15, chegou em um carro funerário escoltado por policiais ao cemitério Santo André, na Vila Progresso, por volta das 15h de ontem, houve gritos e aplausos -uma multidão de 2.000 pessoas esperava, celulares com câmera na mão, para se despedir de Eloá.
A mãe, Ana Cristina Pimentel da Rocha, chegou ao cemitério às 16h20 e ficou ao lado do caixão da filha, repleto de rosas. Entre lágrimas, ela disse que só falaria com a imprensa hoje, após o enterro, às 9h.
No lado de fora, uma fila dava duas voltas no salão do velório, aberto ao público às 17h -cerca de 11,8 mil pessoas estiveram lá, segundo a PM. Houve tumulto. Duas pessoas passaram mal.
Mas ninguém desistia. "Não peguei dois ônibus pra não ver", dizia Rachel Blonzela, 26, com a filha Monique, de sete meses, nos braços, que estava lá desde às 10h30. "O Brasil todo sentiu essa morte e tem direito de ver", dizia Andreia Miranda, 28, que há quatro dias não ia à aula para ver o caso na TV.
Colegas de classe de Eloá carregavam botões de rosas e choravam, enquanto cantavam sua canção "Um minuto", de Vinicius D'Black. "Ela era muito doce. Sempre que alguém precisava, ela ajudava", conta Douglas Wallacy Ricardo, 15. Ele fazia parte do grupo de trabalho que se reunia na casa de Eloá, quando Lindemberg invadiu o local. Uma dor de cabeça fez com que não fosse à casa.
Mas a maioria eram curiosos, como o manobrista Manoel da Silva, 33, que veio de São Miguel (zona leste de SP). "Saí às 7h30, peguei um trem, um ônibus e um táxi. Fui para o cemitério errado e andei mais 30 minutos a pé", diz.
"Foi o maior velório em 30 anos de história", disse o dono do cemitério, Altimar Fernandes, 44. Tanto que ele chamou um carro de cachorro-quente "para atender o povo". Uma nova fila se formou.
Os secretários estaduais Luiz Antonio Guimarães Marrey (Justiça) e Maria Helena Guimarães de Castro (Educação) compareceram ao velório em Santo André segundo eles, para "levar a solidariedade do governo de São Paulo aos familiares, amigos e professores". Marrey não quis comentar a ação policial. "É preciso antes apurar com rigor."


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