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SEBASTIÃO DE ALMEIDA PRADO SAMPAIO (1919-2008)
O pré e o pós-Sampaio na história da dermatologia brasileira
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A tese sobre lúpus eritematoso disseminado, cujo nome
é assustador para os leigos,
garantiu ao médico Sebastião
de Almeida Prado Sampaio o
cargo de livre-docente na
Universidade de São Paulo.
Anos depois, com um título
mais singelo que o da tese, publicou com dois colegas um
trabalho que é considerado
por alguns a bíblia da dermatologia brasileira: "Dermatologia Básica" (1970).
No meio deste ano, a obra
-revisada e ampliada nas
suas mais de mil páginas, com
vários colaboradores- chegou à terceira edição. "A primeira tiragem se esgotou rapidamente", conta Cláudio,
um dos quatro filhos de Sebastião, que morreu anteontem, em São Paulo, aos 89
anos, vencido por um câncer
no peritônio, membrana que
reveste o abdome.
Avô de sete netos, Sebastião nasceu em Casa Branca,
no interior de SP. De pai professor "que escrevia poesias"
e de mãe dona-de-casa, veio à
capital, onde morou com os
avós. Em 1943, formou-se em
medicina pela USP. "Ele queria estudar engenharia, mas,
naquela época, só se podia ser
padre, médico ou advogado.
Meu pai foi ser médico para
agradar à minha avó", diz
Cláudio, engenheiro naval.
A partir de então, "casou-se
com a dermatologia", lembra
o filho. Extremamente dedicado à profissão, brigou nas
últimas décadas pela modernização da especialidade.
"A área era muito conservadora. O dermatologista fazia
no máximo uma biopsia. Hoje, o profissional tem formação cirúrgica", afirma o médico Reinaldo Tovo Filho, ex-aluno de Sebastião, sobre a
contribuição do amigo.
"Ele mudou a visão da dermatologia no Brasil. Estava
sempre aberto a novas condutas, a novos aparelhos", complementa Tovo Filho.
Sobre a importância do pai,
chamado na faculdade de
Mosquito Elétrico, por sua incessante dedicação à profissão, o filho lembra: "Sempre
ouvi nos congressos que, na
dermatologia brasileira, há o
pré e o pós-Sampaio".
Sebastião presidiu a Associação Médica Brasileira nos
anos 60, a Sociedade Brasileira de Dermatologia nos anos
70, e as sociedades de dermatopatologia e de cirurgia dermatológica nos anos 80. Trabalhou até julho deste ano,
quando, forçado pela doença,
se afastou da clínica.
Deixa viúva.
obituario@folhasp.com.br
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