São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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SEBASTIÃO DE ALMEIDA PRADO SAMPAIO (1919-2008)

O pré e o pós-Sampaio na história da dermatologia brasileira

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A tese sobre lúpus eritematoso disseminado, cujo nome é assustador para os leigos, garantiu ao médico Sebastião de Almeida Prado Sampaio o cargo de livre-docente na Universidade de São Paulo.
Anos depois, com um título mais singelo que o da tese, publicou com dois colegas um trabalho que é considerado por alguns a bíblia da dermatologia brasileira: "Dermatologia Básica" (1970).
No meio deste ano, a obra -revisada e ampliada nas suas mais de mil páginas, com vários colaboradores- chegou à terceira edição. "A primeira tiragem se esgotou rapidamente", conta Cláudio, um dos quatro filhos de Sebastião, que morreu anteontem, em São Paulo, aos 89 anos, vencido por um câncer no peritônio, membrana que reveste o abdome.
Avô de sete netos, Sebastião nasceu em Casa Branca, no interior de SP. De pai professor "que escrevia poesias" e de mãe dona-de-casa, veio à capital, onde morou com os avós. Em 1943, formou-se em medicina pela USP. "Ele queria estudar engenharia, mas, naquela época, só se podia ser padre, médico ou advogado. Meu pai foi ser médico para agradar à minha avó", diz Cláudio, engenheiro naval.
A partir de então, "casou-se com a dermatologia", lembra o filho. Extremamente dedicado à profissão, brigou nas últimas décadas pela modernização da especialidade.
"A área era muito conservadora. O dermatologista fazia no máximo uma biopsia. Hoje, o profissional tem formação cirúrgica", afirma o médico Reinaldo Tovo Filho, ex-aluno de Sebastião, sobre a contribuição do amigo.
"Ele mudou a visão da dermatologia no Brasil. Estava sempre aberto a novas condutas, a novos aparelhos", complementa Tovo Filho.
Sobre a importância do pai, chamado na faculdade de Mosquito Elétrico, por sua incessante dedicação à profissão, o filho lembra: "Sempre ouvi nos congressos que, na dermatologia brasileira, há o pré e o pós-Sampaio".
Sebastião presidiu a Associação Médica Brasileira nos anos 60, a Sociedade Brasileira de Dermatologia nos anos 70, e as sociedades de dermatopatologia e de cirurgia dermatológica nos anos 80. Trabalhou até julho deste ano, quando, forçado pela doença, se afastou da clínica.
Deixa viúva.

obituario@folhasp.com.br



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