São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

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ANÁLISE TÁXIS ACESSÍVEIS

Serviço vira substituto do transporte público

Muitos cadeirantes que dependem exclusivamente de táxis acessíveis são obrigados a selecionar suas saídas na cidade

SÓ QUEM TEM MAIOR MOBILIDADE OU VIGOR FÍSICO PODE DIRIGIR OU CHEGAR AO PONTO DE ÔNIBUS OU À ESTAÇÃO DE METRÔ

LEONARDO FEDER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os táxis acessíveis, para quem pode bancá-los, são uma boa alternativa de transporte em São Paulo, onde ainda persistem obstáculos nas calçadas e ônibus e metrô nem sempre adequados.
Mas o número de táxis acessíveis é pequeno. Além disso, atrasos ocorrem com frequência, principalmente entre os motoristas de frota.
A razão do baixo número de carros está no valor que os taxistas têm de pagar para adaptar o veículo: R$ 32 mil.
Isso desestimula a adesão de motoristas. Eles terão que contrair dívidas e trabalhar por muito tempo para recuperar todo o investimento.
Para os cadeirantes, a maior reclamação é o preço.
Embora a tarifa do táxi acessível seja igual à do comum, muitos usam o serviço como substituto do transporte público. Não há muita opção.
Só deficientes com maior mobilidade ou vigor físico podem dirigir ou, como atletas, superar calçadas irregulares, chegar ao ponto de ônibus ou à estação de metrô.
Como poucos podem bancar o uso do táxi todos os dias -só a taxa de chamada custa R$ 7,00-, muitos usuários que dependem exclusivamente dele fazem uma seleção dos lugares que consideram mais importantes para ir. Muitos cadeirantes acabam privados do lazer.
Ir ao trabalho já significa um gasto alto, a não ser que a empresa tenha convênio com uma frota de táxi acessível ou que custeie essa despesa -o que é muito raro.
Por isso cabe à prefeitura dar algum tipo de isenção ao motorista a fim de estimular as adesões ao ramo dos táxis acessíveis. Só assim haverá o aumento da frota especial.
É importante não se esquecer da acessibilidade das calçadas e dos transportes de massa. São questões que precisam se tornar prioritárias nas políticas públicas de modo a oferecer alternativas viáveis para o deslocamento cotidiano de cadeirantes.


LEONARDO FEDER, cadeirante, é jornalista


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