DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 30,3 milhões de trabalhadores, ou seja, metade das pessoas com mais de dez anos de idade e rendimento de trabalho, ganha até R$ 300. Esse indicador, chamado de rendimento mediano, piora ainda mais nas pequenas cidades, mostra o IBGE a partir dos dados do Censo 2000.
Quanto menor o município, menor o rendimento: nas cidades com até 20 mil habitantes, metade dos trabalhadores ganha até R$ 160. O valor sobe para R$ 210 nos municípios que têm de 20 mil a 100 mil habitantes, para R$ 330 nos que têm de 100 mil a 500 mil e para R$ 401 nos com mais de 500 mil habitantes.
A renda no Brasil é tão desigualmente dividida que, pelos dados do IBGE, 52,9% da população com mais de dez anos e rendimento de trabalho ganha até dois salários mínimos.
Os 31 maiores municípios do país, mais ricos e donos dos maiores rendimentos, têm também a pior concentração de renda. Ou seja: a idéia de que se mudar para uma grande cidade significa condições melhores de vida não é confirmada estatisticamente. A renda nos principais centros urbanos é maior, mas é dividida de forma mais desigual.
O índice de Gini, parâmetro internacionalmente usado para medir a concentração de renda, cresce nos municípios com mais de 500 mil habitantes, onde é de 0,596. Nos municípios com até 20 mil habitantes, o índice cai para 0,573. A média do país é de 0,602.
O índice de Gini varia de zero a um, sendo zero na hipótese da renda dividida igualmente e um na situação hipotética em que uma pessoa concentraria toda a renda. Quanto mais próximo do zero for o índice de Gini, menos concentrada é a renda.
"Nos municípios maiores, há uma renda maior, mas isso não significa que há melhor divisão de renda nesses lugares. Pelo contrário: os maiores municípios têm a maior concentração de renda", afirma Vandeli Guerra, do Deren (Departamento de Trabalho e Rendimento) do IBGE.
O IBGE não calculou a variação da renda em relação ao Censo 1991 porque houve mudanças metodológicas. Isso impediu, segundo os técnicos, a comparação com o censo anterior.


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