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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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Setor é responsável por boa parte dos medicamentos estratégicos e básicos, informa presidente de associação

"Vocação de laboratórios oficiais é o SUS"

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Alfob (Associação dos Laboratórios Oficiais do Brasil), Carlos Alberto Pereira Gomes, diz que a "vocação" do setor é produzir para o SUS (Sistema Único de Saúde). Eles são responsáveis por grande parte dos medicamentos estratégicos, incluídos alguns do coquetel contra o HIV, e cerca de metade dos medicamentos básicos (distribuídos em ambulatórios), afirma.
Gomes calcula que o setor perfaça hoje uma produção de 12 bilhões de unidades por ano -um comprimido, uma bisnaga, um vidro de xarope correspondem a uma unidade. O padrão difere do da indústria farmacêutica, que não distribui, por exemplo, comprimidos soltos. Adaptando o número ao padrão da indústria, o presidente da Alfob calcula que a produção equivalha a 300 milhões de unidades.
"A Rename [Relação Nacional de Medicamentos Essenciais do sistema público] é a nossa missão", afirma. "Sobre as farmácias populares, a questão é qual de nós terá disponibilidade." Segundo o presidente, até o momento a associação não participou das discussões do programa do governo.
Gomes responde pelo laboratório oficial de Minas, a Fundação Ezequiel Dias, um dos maiores do país, atrás da Furp (Fundação para o Remédio Popular), de São Paulo, e próximo de Far-Manguinhos, ligado a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro.
O setor de laboratórios oficiais recebeu um investimento de apenas R$ 40 milhões neste ano para modernização, afirma. Há promessa do governo de mais do que dobrar os valores para o próximo ano. "Mas acredito que até o final do governo serão necessários mais de R$ 300 milhões para nivelar os laboratórios."
Segundo o presidente, algumas instituições estão impedidas, por questões jurídicas, de fornecer para venda aberta ao público nas farmácias populares. "Eu aqui não posso vender."
A Furp, de São Paulo, após uma modificação recente da legislação, pode, por exemplo. O mesmo vale para o Lafepe, de Pernambuco, empresa de economia mista, diz.

Reguladores do mercado
Para Tuyoshi Ninomya, médico sanitarista e assessor técnico da Furp, a produção por laboratórios oficiais é malvista pela indústria por servir como padrão, mostrando os reais custos do desenvolvimento dos remédios, e dar instrumento para o governo negociar preços, a exemplo do que ocorreu com medicamentos anti-Aids. "Nós somos os reguladores do mercado", afirma.
A Furp é o maior e mais moderno dos laboratórios públicos, com uma unidade de 40.000 m2 e mil funcionários que produzem 2 bilhões de unidades/ano.



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