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ESTRADAS
Justiça Federal cancelou audiência pública; governo estadual diz que decisão impossibilita o início do trecho sul
Decisão ameaça obra do Rodoanel em 2006
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto mais importante e caro (R$ 2,5 bilhões) da administração paulista de Geraldo Alckmin
(PSDB) para o ano eleitoral de
2006, o trecho sul do Rodoanel,
corre o risco de não sair do papel.
Uma decisão provisória de primeira instância da Justiça Federal
de São Paulo cancelou a audiência
pública obrigatória sobre a obra,
que estava marcada para hoje, às
17h, na zona sul da capital.
Se não conseguir uma decisão
judicial superior até esse horário e
realizar a audiência, o governo estadual diz que não haverá tempo
hábil para iniciar a construção antes do prazo estipulado pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. A legislação brasileira veta que um governante comece uma obra nos
oito meses anteriores às eleições
se ele não puder terminá-la até o
final do mandato em curso.
Alckmin é um dos tucanos mais
cotados para disputar a sucessão
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Ele espera contar com
as obras do trecho sul do Rodoanel em sua eventual campanha à
Presidência. Mas, como o pleito
está marcado para outubro de
2006, ele teria de iniciar as obras
até fevereiro -o que o governo
avalia como inviável, se for mantido o cancelamento da audiência,
pois um reagendamento do evento tomaria muito tempo.
A juíza federal substituta Luciana da Costa Aguiar acatou o pedido do Ministério Público Federal
e determinou a suspensão da audiência pública. Decidiu também
que a Secretaria de Estado do
Meio Ambiente designe nova data para a reunião.
Foi a procuradora Adriana Zawada Melo quem solicitou, no início do mês, o cancelamento da
audiência pública. Para ela, os estudos etnoambientais necessários
à concessão da licença prévia (que
autorizaria o início da licitação)
estão incompletos.
Índios
Na visão da procuradora, é preciso incluir os índios da comunidade do Jaraguá (na zona oeste da
cidade) no estudo em que serão
analisados os impactos socioambientais da obra -que será realizada no outro extremo da capital,
na zona sul. Só então a audiência
pública poderia ser agendada, diz
Zawada em seu pedido à Justiça.
Até o fechamento desta edição,
advogados da Secretaria de Estado dos Transportes tentavam reverter a decisão com desembargadores de plantão na Justiça.
Governo
Para o secretário estadual dos
Transportes, Dario Rais Lopes, a
decisão que cancelou a audiência
é descabida. "Não faz sentido exigir um estudo sobre índios que vivem mais perto do trecho oeste do
Rodoanel, que já está operando,
do que do trecho sul, que desejamos construir no próximo ano",
afirmou o secretário.
Quando estiver concluído, o
Rodoanel será um anel viário de
170 quilômetros que ligará por fora da capital as principais estradas
do entorno de São Paulo. O trecho
oeste, com 32 quilômetros, está
em operação desde 2002.
O trecho sul do Rodoanel ligará
as rodovias Anchieta e Imigrantes
à Régis Bittencourt. A intenção é
facilitar a circulação dos produtos
que passam pelo porto de Santos,
diminuindo assim o tráfego de caminhões dentro das cidades da
região metropolitana de São Paulo, principalmente na capital.
Ambientalistas temem que a
obra traga prejuízos à qualidade
da água das represas Billings e
Guarapiranga, dois dos principais
reservatórios de abastecimento
público de São Paulo.
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