São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2008

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Qualidade das praias de SP é a pior desde 1996

Entre 155 pontos pesquisados, só 39 não tiveram bandeira vermelha

Segundo a Cetesb, resultado é somatória das condições meteorológicas (já que a chuva leva poluentes ao mar) e da falta de saneamento


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano em que as chuvas voltaram com intensidade ao litoral paulista, o número de praias próprias para banhistas em 2008, entre as monitoradas pela Cetesb (agência ambiental de São Paulo) no Estado, caiu ao menor índice desde 1996.
Entre os 155 pontos pesquisados em 136 praias pela agência até a semana passada, somente 39 (25,16%) não haviam recebido bandeira vermelha nenhuma vez, índice inferior aos 38% do ano anterior e só superior aos 19% de 1996.
O resultado de 2008 confirma a tendência que a Cetesb detectou no relatório de balneabilidade de 2007. A agência distinguiu três períodos em suas análises. No primeiro, até 1997, a qualidade das praias piorou. O segundo, de 1998 a 2003, apontou melhora da qualidade. O último, que começou em 2004, já mostrava tendência de queda nas condições. Agora, segundo a cetesb, a qualidade vai voltar quase aos níveis da década de 1990.
A Folha compilou a classificação da Cetesb, entre praias próprias e impróprias, excluindo as duas últimas semanas dos dois anos -2007 e 2008. Embora ainda possa haver pequenas mudanças pontuais, o quadro não vai mais ser alterado.
Pelo menos até a próxima semana, quando a Cetesb fará uma nova análise, as condições estão bem melhores do que a média do ano. Somente cinco praias estão impróprias.
Segundo a Cetesb, o resultado é uma somatória das condições meteorológicas, já que a chuva leva poluentes ao mar, e da falta de saneamento.
Até o dia 18 deste mês, este ano foi bem mais chuvoso do que 2007, segundo dados do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos).
Entre Cananéia e Santos, os índices de chuva variaram, neste ano, de 2.100 a 2.300 mm, bem acima de 2007, entre 1.500 e 1.700 mm.
O volume de chuva ajuda a explicar um aumento geral da presença de poluentes no mar em toda a Baixada Santista, maior pólo turístico de SP.
O número de semanas com água proibida para banhistas subiu nos principais balneários da Baixada Santista -Santos, Guarujá (que estava em situação confortável em 2007), Praia Grande, Bertioga e São Vicente.
Na contramão da tendência está boa parte do litoral norte e algumas de suas principais praias, que tiveram condições perfeitas durante todo o ano, como Maresias, Baleia Juqueí (em São Sebastião), Curral (Ilhabela), Grande, Maranduba e Lagoinha (Ubatuba).
O meteorologista José Fernando Pesquero, do grupo de previsões do Cptec, diz que ao menos no início deste verão devem perdurar as condições de chuva. "E temos no litoral de São Paulo uma das quatro ou cinco cidades com mais chuva no Brasil [Ubatuba]."
A preocupação com a água é especialmente importante neste ano, pois o litoral paulista deve herdar boa parte dos turistas que desistiram de viajar ao exterior, em razão do dólar alto, e a Santa Catarina, Estado devastado pelas chuvas.
Tomar banho de mar quando a água está imprópria eleva riscos de alergias, micoses e doenças do aparelho digestivo, entre outras enfermidades.
Ainda sem ter realizado a análise geral das praias, o gerente de águas litorâneas da Cetesb, José Eduardo Bevilacqua, diz que é necessário ampliar os sistemas de coleta e tratamento de esgotos.
Uma das causas são os baixos índices de cobertura das redes de esgoto no litoral. Segundo dados de 2006 da própria Cetesb, o índice de esgoto coletado era de 5% em Ilhabela, 11% em Itanhaém, 22% em Ilha Comprida e 33% em Ubatuba.
A Sabesp promete para 2010 a conclusão de sete estações de tratamento e extensão da rede de saneamento no litoral. "Desenvolver tratamento de esgoto demanda tempo para dar resultado", diz o diretor de sistemas regionais da estatal, Umberto Semeghini.
Apesar dos resultados negativos, Bevilacqua afirma acreditar que esse plano possa dar uma resposta em pouco tempo.
"Fizeram projetos que levam em conta as peculiaridades de cada cidade. Vejo uma luz no fim do túnel", disse.


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