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Qualidade das praias de SP é a pior desde 1996
Entre 155 pontos pesquisados, só 39 não tiveram bandeira vermelha
Segundo a Cetesb, resultado é somatória das condições meteorológicas (já que a chuva leva poluentes ao mar) e da falta de saneamento
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano em que as chuvas voltaram com intensidade ao litoral paulista, o número de praias
próprias para banhistas em
2008, entre as monitoradas pela Cetesb (agência ambiental de
São Paulo) no Estado, caiu ao
menor índice desde 1996.
Entre os 155 pontos pesquisados em 136 praias pela agência até a semana passada, somente 39 (25,16%) não haviam
recebido bandeira vermelha
nenhuma vez, índice inferior
aos 38% do ano anterior e só superior aos 19% de 1996.
O resultado de 2008 confirma a tendência que a Cetesb
detectou no relatório de balneabilidade de 2007. A agência
distinguiu três períodos em
suas análises. No primeiro, até
1997, a qualidade das praias
piorou. O segundo, de 1998 a
2003, apontou melhora da qualidade. O último, que começou
em 2004, já mostrava tendência de queda nas condições.
Agora, segundo a cetesb, a qualidade vai voltar quase aos níveis da década de 1990.
A Folha compilou a classificação da Cetesb, entre praias
próprias e impróprias, excluindo as duas últimas semanas dos
dois anos -2007 e 2008. Embora ainda possa haver pequenas mudanças pontuais, o quadro não vai mais ser alterado.
Pelo menos até a próxima semana, quando a Cetesb fará
uma nova análise, as condições
estão bem melhores do que a
média do ano. Somente cinco
praias estão impróprias.
Segundo a Cetesb, o resultado é uma somatória das condições meteorológicas, já que a
chuva leva poluentes ao mar, e
da falta de saneamento.
Até o dia 18 deste mês, este
ano foi bem mais chuvoso do
que 2007, segundo dados do
Cptec (Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos).
Entre Cananéia e Santos, os
índices de chuva variaram, neste ano, de 2.100 a 2.300 mm,
bem acima de 2007, entre
1.500 e 1.700 mm.
O volume de chuva ajuda a
explicar um aumento geral da
presença de poluentes no mar
em toda a Baixada Santista,
maior pólo turístico de SP.
O número de semanas com
água proibida para banhistas
subiu nos principais balneários
da Baixada Santista -Santos,
Guarujá (que estava em situação confortável em 2007),
Praia Grande, Bertioga e São
Vicente.
Na contramão da tendência
está boa parte do litoral norte e
algumas de suas principais
praias, que tiveram condições
perfeitas durante todo o ano,
como Maresias, Baleia Juqueí
(em São Sebastião), Curral
(Ilhabela), Grande, Maranduba
e Lagoinha (Ubatuba).
O meteorologista José Fernando Pesquero, do grupo de
previsões do Cptec, diz que ao
menos no início deste verão
devem perdurar as condições
de chuva. "E temos no litoral de
São Paulo uma das quatro ou
cinco cidades com mais chuva
no Brasil [Ubatuba]."
A preocupação com a água é
especialmente importante neste ano, pois o litoral paulista
deve herdar boa parte dos turistas que desistiram de viajar
ao exterior, em razão do dólar
alto, e a Santa Catarina, Estado
devastado pelas chuvas.
Tomar banho de mar quando
a água está imprópria eleva riscos de alergias, micoses e doenças do aparelho digestivo, entre
outras enfermidades.
Ainda sem ter realizado a
análise geral das praias, o gerente de águas litorâneas da
Cetesb, José Eduardo Bevilacqua, diz que é necessário ampliar os sistemas de coleta e
tratamento de esgotos.
Uma das causas são os baixos
índices de cobertura das redes
de esgoto no litoral. Segundo
dados de 2006 da própria Cetesb, o índice de esgoto coletado era de 5% em Ilhabela, 11%
em Itanhaém, 22% em Ilha
Comprida e 33% em Ubatuba.
A Sabesp promete para 2010
a conclusão de sete estações de
tratamento e extensão da rede
de saneamento no litoral. "Desenvolver tratamento de esgoto demanda tempo para dar resultado", diz o diretor de sistemas regionais da estatal, Umberto Semeghini.
Apesar dos resultados negativos, Bevilacqua afirma acreditar que esse plano possa dar
uma resposta em pouco tempo.
"Fizeram projetos que levam
em conta as peculiaridades de
cada cidade. Vejo uma luz no
fim do túnel", disse.
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