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Sabesp promete melhorar esgoto em 2010
Estatal pretende concluir a construção e a ampliação de sete estações de tratamento no litoral e novas ligações à rede
Investimento do Estado é de cerca de R$ 1,5 bilhão em todo o litoral com estações elevatórias, ligações de esgoto e estações de tratamento
Joel Silva/Folha Imagem
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Sujeira na areia da Barra do Una em São Sebastião, litoral norte, que contribui para altos índices de poluição das praias no Estado
DA REPORTAGEM LOCAL
Apontados como fatores decisivos para os altos índices de
poluição das praias, a falta de
saneamento básico e tratamento de esgoto adequados nos
municípios do litoral só deve
ser amenizada a partir de 2010,
quando a Sabesp (Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) espera concluir obras de construção e ampliação de sete estações de tratamento no litoral.
"Em relação ao tratamento
de esgoto, ainda não conseguimos resultados em 2008, mas o
importante é que as coisas estão andando", diz o diretor de
sistemas regionais da companhia, Umberto Semeghini
-que em novembro passado
afirmou à Folha acreditar que,
neste ano, as praias estariam
mais limpas que em 2007.
Ele se refere à construção em
andamento de 110 estações elevatórias (que bombeiam o esgoto desde níveis abaixo do nível da rede coletora) e mais
1.100 quilômetros de ligações
de esgoto no litoral, além das
estações de tratamento. O investimento do Estado é de cerca de R$ 1,5 bilhão, reunindo o
litoral norte (R$ 1,2 bilhão) e o
sul (cerca de R$ 300 milhões).
Tratamento
Embora afirme que a política
do atual governo visa "avançar
com a [melhoria da] balneabilidade, o diretor pondera que a
qualidade das praias está ligada
a outros fatores, como incidência de chuvas e ocupação irregular de mananciais. "Balneabilidade não é só tratamento de
esgoto", diz Semeghini.
Ele afirma que, das sete estações prometidas, quatro terão
emissários submarinos -em
Praia Grande, Guarujá, Ilhabela e Santos (nos dois últimos, as
obras incluem a ampliação dos
emissários já existentes).
Nessas cidades, diz Semeghini, os resíduos serão jogados no
oceano após passar apenas por
uma filtragem primária, que remove resíduos sólidos e acrescenta cloro à água -processo
semelhante ao que já ocorre
nos emissários de Santos, São
Sebastião e Ilhabela.
Ambientalista e membro do
Consema (Conselho Estadual
do Meio Ambiente), Carlos Bocuhy defende que os resíduos
passem pelo chamado "tratamento secundário", em que a
água do esgoto é lançada no
oceano em condições para banho. "O processo primário só
retira o "grosso" da sujeira. Lançar [os resíduos] sem tratamento é inaceitável. Emissário
submarino não é solução."
Para Bocuhy, o avanço da poluição no litoral é reflexo de
uma espécie de "maré negra"
(refluxo da poluição não assimilada pelo ecossistema marinho) em menor escala -ele
afirma que os emissários já
existentes deveriam lançar os
resíduos mais distante da costa.
"Sem tratar o esgoto, aos
poucos a poluição vai afetando
áreas de estuário, onde a fauna
marinha se reproduz. Se a posição [do governo sobre o tratamento de esgoto] for simplista,
em pouco tempo espécies começarão a desaparecer", diz
Bocuhy, para quem "a balneabilidade das praias é um indicador da qualidade do oceano".
Semeghini, entretanto, nega
que os resíduos despejados pelos atuais emissários estejam
retornando às praias. "Garantimos que não vai haver prejuízo
nem retorno [de esgoto]. Fizemos um relatório demonstrando que [a construção de novos
emissários e o lançamento com
tratamento primário] é a solução mais adequada", afirma.
Quando ficar pronta em
2010, a ampliação em mais 4
quilômetros do emissário submarino de Santos passará a recolher o esgoto de São Vicente.
"Desde que foi construído, há
mais de 20 anos, o emissário
contribuiu para melhorar a balneabilidade em Santos", diz.
Sem ligação
Outro problema que contribui para a queda da qualidade
das praias é o alto índice de
imóveis sem ligação com a rede
de esgoto quando ela já existe,
segundo o diretor. "Há donos
de imóveis que já estão ligados
a uma rede fluvial e se recusam
a mudar para a rede da Sabesp,
porque sabem que a conta de
água irá dobrar", observa.
A Sabesp diz não ter "poder
de polícia" para obrigar os proprietários a ligarem os imóveis
à rede pública de esgoto, mas
diz investir em incentivo à
conscientização dos moradores, por meio de publicidade.
Semeghini afirma ainda que
os contratos com as empreiteiras para as obras atualmente
em curso prevêem bônus caso
elas mesmas levem a rede até as
residências. "Mas só funciona
se os moradores concordarem", observa o diretor.
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