São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2008

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Sabesp promete melhorar esgoto em 2010

Estatal pretende concluir a construção e a ampliação de sete estações de tratamento no litoral e novas ligações à rede

Investimento do Estado é de cerca de R$ 1,5 bilhão em todo o litoral com estações elevatórias, ligações de esgoto e estações de tratamento


Joel Silva/Folha Imagem
Sujeira na areia da Barra do Una em São Sebastião, litoral norte, que contribui para altos índices de poluição das praias no Estado

DA REPORTAGEM LOCAL

Apontados como fatores decisivos para os altos índices de poluição das praias, a falta de saneamento básico e tratamento de esgoto adequados nos municípios do litoral só deve ser amenizada a partir de 2010, quando a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) espera concluir obras de construção e ampliação de sete estações de tratamento no litoral.
"Em relação ao tratamento de esgoto, ainda não conseguimos resultados em 2008, mas o importante é que as coisas estão andando", diz o diretor de sistemas regionais da companhia, Umberto Semeghini -que em novembro passado afirmou à Folha acreditar que, neste ano, as praias estariam mais limpas que em 2007.
Ele se refere à construção em andamento de 110 estações elevatórias (que bombeiam o esgoto desde níveis abaixo do nível da rede coletora) e mais 1.100 quilômetros de ligações de esgoto no litoral, além das estações de tratamento. O investimento do Estado é de cerca de R$ 1,5 bilhão, reunindo o litoral norte (R$ 1,2 bilhão) e o sul (cerca de R$ 300 milhões).

Tratamento
Embora afirme que a política do atual governo visa "avançar com a [melhoria da] balneabilidade, o diretor pondera que a qualidade das praias está ligada a outros fatores, como incidência de chuvas e ocupação irregular de mananciais. "Balneabilidade não é só tratamento de esgoto", diz Semeghini.
Ele afirma que, das sete estações prometidas, quatro terão emissários submarinos -em Praia Grande, Guarujá, Ilhabela e Santos (nos dois últimos, as obras incluem a ampliação dos emissários já existentes).
Nessas cidades, diz Semeghini, os resíduos serão jogados no oceano após passar apenas por uma filtragem primária, que remove resíduos sólidos e acrescenta cloro à água -processo semelhante ao que já ocorre nos emissários de Santos, São Sebastião e Ilhabela.
Ambientalista e membro do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente), Carlos Bocuhy defende que os resíduos passem pelo chamado "tratamento secundário", em que a água do esgoto é lançada no oceano em condições para banho. "O processo primário só retira o "grosso" da sujeira. Lançar [os resíduos] sem tratamento é inaceitável. Emissário submarino não é solução."
Para Bocuhy, o avanço da poluição no litoral é reflexo de uma espécie de "maré negra" (refluxo da poluição não assimilada pelo ecossistema marinho) em menor escala -ele afirma que os emissários já existentes deveriam lançar os resíduos mais distante da costa.
"Sem tratar o esgoto, aos poucos a poluição vai afetando áreas de estuário, onde a fauna marinha se reproduz. Se a posição [do governo sobre o tratamento de esgoto] for simplista, em pouco tempo espécies começarão a desaparecer", diz Bocuhy, para quem "a balneabilidade das praias é um indicador da qualidade do oceano".
Semeghini, entretanto, nega que os resíduos despejados pelos atuais emissários estejam retornando às praias. "Garantimos que não vai haver prejuízo nem retorno [de esgoto]. Fizemos um relatório demonstrando que [a construção de novos emissários e o lançamento com tratamento primário] é a solução mais adequada", afirma.
Quando ficar pronta em 2010, a ampliação em mais 4 quilômetros do emissário submarino de Santos passará a recolher o esgoto de São Vicente. "Desde que foi construído, há mais de 20 anos, o emissário contribuiu para melhorar a balneabilidade em Santos", diz.

Sem ligação
Outro problema que contribui para a queda da qualidade das praias é o alto índice de imóveis sem ligação com a rede de esgoto quando ela já existe, segundo o diretor. "Há donos de imóveis que já estão ligados a uma rede fluvial e se recusam a mudar para a rede da Sabesp, porque sabem que a conta de água irá dobrar", observa.
A Sabesp diz não ter "poder de polícia" para obrigar os proprietários a ligarem os imóveis à rede pública de esgoto, mas diz investir em incentivo à conscientização dos moradores, por meio de publicidade.
Semeghini afirma ainda que os contratos com as empreiteiras para as obras atualmente em curso prevêem bônus caso elas mesmas levem a rede até as residências. "Mas só funciona se os moradores concordarem", observa o diretor.


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