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JAYME LEAL-COSTA FILHO (1918-2009)
O contra-almirante que foi um pioneiro da aviação naval
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mar estava revolto, e o
oficial da Marinha Jayme
Leal-Costa Filho seguia num
pequeno caça-submarino
brasileiro. Isso aconteceu no
tempo da Segunda Guerra.
Eis que passa um Blimp, dirigível americano que fazia o
patrulhamento na área, avista
a embarcação subindo e descendo com as ondas, confunde-a com um submarino alemão e começa a bombardeá-la. Saldo: um sargento morto
antes de descobrirem que o
barco era amigo.
A aventura foi uma das
muitas vividas pelo rapaz
de Nova Friburgo (Rio de
Janeiro) que encerrou a carreira como contra-almirante,
um dos mais altos postos da
Marinha.
Pioneiro na aviação naval,
Jayme era até a semana passada, segundo o filho Eduardo, o membro mais antigo
ainda vivo das Forças Armadas e do corpo de fuzileiros.
Na Holanda, ele foi da comissão que trabalhou na reforma do Minas Gerais, o primeiro porta-aviões do país.
Em casa, como lembra o filho, Jayme era um pai durão e
de gênio difícil. Há alguns
anos, perdeu a filha caçula
num acidente de carro, o que
o deixou desalentado. Muito
humilde, recusou recentemente receber homenagens.
Fez quatro pedidos antes
de morrer, todos realizados
pelo filho: não ser cremado,
ser enterrado no mesmo túmulo que a mulher, não ter
honras militares e ser envolto
num lençol branco.
Viúvo desde 2003, morreu
na quinta-feira, aos 91 anos,
de falência de órgãos. Teve
três filhos e cinco netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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