São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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JAYME LEAL-COSTA FILHO (1918-2009)

O contra-almirante que foi um pioneiro da aviação naval

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O mar estava revolto, e o oficial da Marinha Jayme Leal-Costa Filho seguia num pequeno caça-submarino brasileiro. Isso aconteceu no tempo da Segunda Guerra.
Eis que passa um Blimp, dirigível americano que fazia o patrulhamento na área, avista a embarcação subindo e descendo com as ondas, confunde-a com um submarino alemão e começa a bombardeá-la. Saldo: um sargento morto antes de descobrirem que o barco era amigo.
A aventura foi uma das muitas vividas pelo rapaz de Nova Friburgo (Rio de Janeiro) que encerrou a carreira como contra-almirante, um dos mais altos postos da Marinha.
Pioneiro na aviação naval, Jayme era até a semana passada, segundo o filho Eduardo, o membro mais antigo ainda vivo das Forças Armadas e do corpo de fuzileiros.
Na Holanda, ele foi da comissão que trabalhou na reforma do Minas Gerais, o primeiro porta-aviões do país.
Em casa, como lembra o filho, Jayme era um pai durão e de gênio difícil. Há alguns anos, perdeu a filha caçula num acidente de carro, o que o deixou desalentado. Muito humilde, recusou recentemente receber homenagens.
Fez quatro pedidos antes de morrer, todos realizados pelo filho: não ser cremado, ser enterrado no mesmo túmulo que a mulher, não ter honras militares e ser envolto num lençol branco.
Viúvo desde 2003, morreu na quinta-feira, aos 91 anos, de falência de órgãos. Teve três filhos e cinco netos.

coluna.obituario@uol.com.br

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