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SP 450 ANOS
Segundo a Seade, cidade terá mais de 2 milhões de pessoas a partir dos 60 anos; dado é alerta para o setor de saúde
População idosa aumenta 123% até 2025
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2025, São Paulo terá praticamente parado de crescer. Estará
também mais velha.
Serão necessárias menos escolas, mas a pressão sobre os serviços de saúde crescerá.
O número de pessoas com mais
de 50 anos mais do que dobrará,
chegando a 3.685.716 de paulistanos, um aumento de 101,8%, contra o 1.826.017 atual.
A população idosa, a partir dos
60 anos, aumentará mais ainda,
123,1%, passando dos 2 milhões
de pessoas. Enquanto isso, a parcela de jovens e adultos encolherá.
Os paulistanos serão 11,3 milhões, contra os 10,4 milhões contabilizados no censo de 2000, e as
taxas de crescimento anual da população tenderão a zero. De 2020
a 2025, será de apenas 0,16%.
O cenário foi projetado pela
Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) por
ocasião do aniversário de 450
anos da capital paulista e serve de
alerta para que os executores de
políticas públicas se preparem.
As projeções de envelhecimento
da fundação são baseadas na tendência consolidada de queda das
taxas de fecundidade, mortalidade e de migração no município,
explica Bernadete Waldvogel, especialista em projeções do órgão.
A taxa de fecundidade hoje em
São Paulo, de dois filhos por mulher, por exemplo, já está ligeiramente abaixo do que os demógrafos chamam de "nível de reposição", de 2,1 -número médio de
filhos que cada mulher deve ter
para "repor" sua geração.
"Quando há um grande número de crianças, de jovens, é necessário um investimento forte em
escola. Quando temos uma população mais velha, é necessária
uma atenção muito maior à área
de saúde", afirma Felícia Reicher
Madeira, diretora-executiva interina da fundação. "E tudo que
acontece em São Paulo é paradigmático do futuro urbano do país."
A atenção ao idoso demandará
profissionais preparados e uma
rede ampla de centros de saúde
especializados, de lazer e de unidades de cuidados diários, além
de oferta garantida de remédios
de uso contínuo. Tudo que São
Paulo ainda não tem.
"Esse investimento não é para o
futuro, é para hoje. Mas seria pequeno achar que o envelhecimento é só um problema", afirma Marília Berzins, assistente-técnica da
área de Saúde do Idoso da Prefeitura de São Paulo. "Essa é maior
conquista dos últimos tempos.
Todo o esforço foi para vivermos
mais. Agora será para termos
qualidade de vida."
Alerta
O alerta sobre o desafio do envelhecimento na América Latina e
no Caribe já foi feito pelas Nações
Unidas, preocupadas especialmente com a velocidade esperada
do aumento do número de idosos
na região -será duas vezes maior
do que em outras áreas.
As projeções estão na primeira
compilação do estudo Sabe (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento),
iniciado pela OMS (Organização
Mundial da Saúde) e publicado
no fim do ano passado -São
Paulo é parte da análise.
A principal preocupação é com
o fato de o envelhecimento acelerado ocorrer em meio a "economias frágeis, crescentes níveis de
pobreza", diferentemente dos
países desenvolvidos, que "envelheceram" após ficarem ricos.
Se não forem revertidas as taxas
de desemprego, a precarização
das relações de trabalho e o achatamento das aposentadorias, a
população envelhecida de 2025
poderá viver muito pior do que
hoje. Com a queda do número de
filhos, terá ainda menos pessoas
para recorrer, diz Marcio Pochmann, secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade
da prefeitura. "Em vez de crianças, poderemos ter idosos de rua."
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