São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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Sem apoio do doente, tuberculose cresce

Na capital, que tem incidência de casos maior que a média nacional, menos de 58% dos pacientes concluíram tratamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Quem tomar o remédio direitinho ganhará cesta básica e um lanche com leite, chocolate e um salgado, além do vale-transporte. Pode parecer chantagem para criança, mas é a estratégia que a Secretaria Municipal da Saúde colocará em prática, a partir de março, na esperança de derrubar os índices de tuberculosos que abandonam o tratamento em São Paulo, um dos mais altos do país.
No município, onde a incidência da tuberculose é de 67,34 casos por 100 mil habitantes (dado de 2002), menos de 58% dos pacientes terminaram o tratamento.
No Brasil, essa incidência é de 41,37 por 100 mil habitantes e, em 1999, 75,4% concluíram o tratamento. A incidência, em São Paulo, foi de 7.150 casos novos em 2000. Os bairros da Sé e de Santa Cecília, na região central, têm incidência de 141 e 131 ocorrências por 100 mil habitantes, o dobro da média da capital paulista.
A explicação para os altos índices nesses bairros está no perfil deles. "É por conta do alto número de moradores de rua, de trabalhadores imigrantes clandestinos e da grande mobilidade dessas pessoas", afirma o coordenador de Vigilância de Saúde da secretaria, Hélio Neves.
Essa população -além dos casos de tuberculose provocados pela Aids- explicaria porque o número de doentes não veio caindo ao longo dos anos 90, como mostrou a Seade.
Um tratamento contra a tuberculose tem duração de seis meses e prevê a ingestão de três comprimidos (em jejum) todos os dias. Quem abandona o tratamento pode adquirir bacilos mais resistentes, que exigem internações e uma medicação bem mais cara. "Os gastos são até dez vezes mais altos do que os de um tratamento inicial", afirma o coordenador de Vigilância de Saúde.
Isso faz com que sejam insignificantes os custos da cesta básica, do lanche e do bilhete de transporte para quem tomar o remédio. Sem falar na mortalidade: a tuberculose está entre as 25 principais causas de óbito na cidade de São Paulo e matou, somente no ano passado, 612 pessoas. (AURELIANO BIANCARELLI)

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