|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem apoio do doente, tuberculose cresce
Na capital, que tem incidência de casos maior que a média nacional, menos de 58% dos pacientes concluíram tratamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem tomar o remédio direitinho ganhará cesta básica e um
lanche com leite, chocolate e um
salgado, além do vale-transporte.
Pode parecer chantagem para
criança, mas é a estratégia que a
Secretaria Municipal da Saúde colocará em prática, a partir de março, na esperança de derrubar os
índices de tuberculosos que abandonam o tratamento em São Paulo, um dos mais altos do país.
No município, onde a incidência da tuberculose é de 67,34 casos
por 100 mil habitantes (dado de
2002), menos de 58% dos pacientes terminaram o tratamento.
No Brasil, essa incidência é de
41,37 por 100 mil habitantes e, em
1999, 75,4% concluíram o tratamento. A incidência, em São Paulo, foi de 7.150 casos novos em
2000. Os bairros da Sé e de Santa
Cecília, na região central, têm incidência de 141 e 131 ocorrências
por 100 mil habitantes, o dobro da
média da capital paulista.
A explicação para os altos índices nesses bairros está no perfil
deles. "É por conta do alto número de moradores de rua, de trabalhadores imigrantes clandestinos
e da grande mobilidade dessas
pessoas", afirma o coordenador
de Vigilância de Saúde da secretaria, Hélio Neves.
Essa população -além dos casos de tuberculose provocados
pela Aids- explicaria porque o
número de doentes não veio caindo ao longo dos anos 90, como
mostrou a Seade.
Um tratamento contra a tuberculose tem duração de seis meses
e prevê a ingestão de três comprimidos (em jejum) todos os dias.
Quem abandona o tratamento
pode adquirir bacilos mais resistentes, que exigem internações e
uma medicação bem mais cara.
"Os gastos são até dez vezes mais
altos do que os de um tratamento
inicial", afirma o coordenador de
Vigilância de Saúde.
Isso faz com que sejam insignificantes os custos da cesta básica,
do lanche e do bilhete de transporte para quem tomar o remédio. Sem falar na mortalidade: a
tuberculose está entre as 25 principais causas de óbito na cidade
de São Paulo e matou, somente no
ano passado, 612 pessoas.
(AURELIANO BIANCARELLI)
Texto Anterior: SP 450 anos: População idosa aumenta 123% até 2025 Próximo Texto: Idosos encaram vida na cidade com otimismo Índice
|