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HABITAÇÃO
CDHU aumenta valor oferecido a sem-teto
Famílias despejadas passam noite nas ruas ao lado do prédio da S. João
DA REPORTAGEM LOCAL
A rua Ana Cintra, em Santa Cecília (centro paulistano), amanheceu ontem ocupada por 55 famílias despejadas do edifício Almeida, na esquina com a avenida São
João. Sem ter para onde ir, crianças, idosos e adultos dormiram no
asfalto e improvisaram um abrigo
sob o alpendre do prédio.
O edifício, da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), foi ocupado há
quatro anos. Anteontem, a companhia cumpriu a reintegração de
posse do local, obtida há 18 meses.
Um fogão, um aparelho de televisão, dois sofás e algumas cadeiras, deixados no meio da rua, foram compartilhados durante a
noite. Parte das famílias montou
acampamentos de lona do outro
lado da avenida São João.
Veterana de ocupações, a costureira e artesã Maria Genoveva
Vieira, 45, vivia na garagem do
edifício com seu marido, quatro
filhos -o mais novo de um ano e
a mais velha de 23- e cinco netos. A família depende do salário
de R$ 150 da filha mais velha.
Para complementar a renda,
Vieira faz artesanatos para o marido vender no litoral e costura
para os vizinhos. "Tinha esperança de ter um teto para fazer as
mercadorias, uns consertos e pagar minhas contas", disse.
A família passou a noite na rua,
em vigília, se revezando para cuidar dos móveis. "Uma coisa que
eu nunca queria ver era meus filhos embaixo de uma ponte, vivendo da caridade dos outros."
Ontem, a CDHU aumentou o
valor oferecido a famílias que
ocupavam o prédio para R$ 400, e
a prefeitura conseguiu mais 20 vagas em hotéis da região central.
A estatal pretende reformar e
destinar os apartamentos a 70 famílias que moram em cortiços a
partir de 2005.
(SIMONE IWASSO)
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