São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2005

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SEGURANÇA

Estatísticas mostram que quadrilhas preferem levar máquinas automáticas a assaltar bancos; houve 40 casos em 2004

Crescem roubos a caixas eletrônicos no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Os roubos a caixas eletrônicos substituem, desde o ano passado, os assaltos a bancos no Estado do Rio, revelam estatísticas da DRF (Delegacia de Roubos e Furtos). Em 2004, foram registrados 40 roubos a caixas automáticos e 37 assaltos a agências bancárias. Em 2003, houve 56 roubos a bancos e 33 a caixas eletrônicos.
O crescimento de roubos a caixas eletrônicos foi de 40%, e a queda dos assaltos a bancos atingiu 12% na comparação entre um ano e outro.
Neste ano já foram registrados cinco casos envolvendo caixas eletrônicos -dois deles na madrugada de ontem- e nenhum assalto a banco no Rio.
Um dos caixas foi arrancado da agência do Banco do Brasil na avenida Presidente Vargas (centro) por volta das 3h50. Minutos depois, outro equipamento foi levado do Unibanco, na praça da Bandeira (zona norte).
Uma das máquinas foi localizada pela manhã dentro de uma van branca no viaduto Ataulfo Alves, em Benfica (zona norte), nas proximidades da favela Parque Arará. A polícia suspeita que os dois assaltos podem ter sido praticados pelo mesmo grupo. Testemunhas afirmaram que os ladrões usaram uma van branca em ambas as ações.

Desarticulação
O titular da DRF, delegado Márcio Franco, afirmou que o aumento no número de roubos a caixas eletrônicos é resultado da desarticulação das grandes quadrilhas de assaltantes de bancos desde 2002.
Segundo a Polícia Civil, entre 2002 e 2003, foram presos cerca de cem ladrões de bancos, entre eles Cléber de Barros Mendes, o Cléber Negão, considerado o mais perigoso. As prisões fizeram cair pela metade o número de ocorrências. Foram 124 em 2002 e 56 em 2003.
De acordo com o titular da DRF, uma das razões para os sucessivos ataques a caixas eletrônicos é a segurança frágil. "A segurança dos caixas é feita com câmeras e alarmes. Isso é frágil porque os ladrões costumam quebrar a câmera. Já vi casos em que a sirene do alarme tocou, e o roubo só foi descoberto pela manhã", disse.
Márcio Franco declarou que as instituições que mais sofrem com roubos a caixas eletrônicos são o Banco do Brasil e o Real.
"O lucro em assaltos a caixas eletrônicos acaba sendo quase o mesmo dos bancos e o risco na ação é bem menor. Para evitar assaltos, os bancos têm evitado ficar com muito dinheiro nas agências, normalmente entre R$ 5.000 e R$ 15 mil, o que costuma render um assalto a caixa eletrônico", avalia.
Os ataques oferecem menos risco para os ladrões porque eles costumam agir de madrugada -entre 3h e 4h- ou em feriados e finais de semana, quando o movimento de pessoas pe menor.
As quadrilhas são compostas de traficantes dos morros da Mangueira (zona norte) e Providência (zona central) e da favela Vila do João (complexo da Maré, zona norte), segundo a DRF. Já foram identificados também grupos de São Paulo e de Minas Gerais praticando o crime no Rio.
O modo de operação das quadrilhas varia. Comumente, os ladrões utilizam carros grandes -picapes, caminhonetes e até caminhões-guincho- para levar os equipamentos. Para arrancá-los, usam maçaricos, alavancas e até granadas. "Há casos em que o equipamento tem rodinhas, o que facilita o roubo", disse o delegado.
Em dezembro de 2002, ladrões derrubaram um caixa eletrônico do Banco do Brasil com um caminhão-guincho e obrigaram 25 pessoas a ajudá-los a colocar o equipamento no veículo.
Há duas semanas, a polícia conseguiu desarticular um grupo que praticava roubos a caixas eletrônicos. O bando, que era da Mangueira e estava em uma van branca, foi interceptado na rua São Francisco Xavier (Maracanã, zona norte). Com eles, foram encontrados granadas, um carrinho para transporte de carga, uma alavanca de ferro grande e um pé de cabra. Em novembro, um grupo armado com granadas invadiu o hospital dos Servidores (centro) e arrancou o caixa eletrônico. Em 2001, a sede do Incra também teve um equipamento levado por assaltantes.


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