São Paulo, terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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Governo recua e libera escalas em Congonhas

Após quase seis meses de restrições, aeroporto voltará a atender conexões, fretamentos e vôos charters a partir de 16 de março

Governo também desiste de construir a terceira pista de Cumbica, obra considerada essencial e que deveria ser concluída até 2010

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou ontem a retirada da proibição de conexões e escalas em Congonhas a partir de 16 de março, quase seis meses depois de declarar que o aeroporto paulista jamais voltaria a ser um centro de distribuição de vôos ("hub").
"Congonhas não é e não voltará a ser, em hipótese alguma, ponto de distribuição", disse o ministro em 18 de agosto.
Ontem, Jobim disse ainda que Congonhas voltará a atender fretamentos e charters em horários determinados do fim de semana, mas manterá o limite de 30 pousos e decolagens por hora (aviação comercial).
A restrição a Congonhas havia sido anunciada no ano passado como uma resposta às dificuldades operacionais do aeroporto, explicitadas após um Airbus da TAM não conseguir parar na aterrissagem e explodir contra um prédio, matando 199 pessoas em julho de 2007.
Jobim negou que o recuo com relação a Congonhas seja a correção de um erro.
"Naquele momento, a mudança se justificava, havia um caos e uma falta de ligação entre os órgãos. Não é questão de que tenhamos errado, é que reassumimos o controle."
As empresas negam que tenham pressionado o ministério para rever a política sobre Congonhas. "Mas é um avanço no sentido de restabelecer a normalidade", disse José Márcio Monsão Mollo, presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas).

Terceira pista
O governo também desistiu de construir a terceira pista do aeroporto de Cumbica (Guarulhos), obra que era considerada essencial para atender ao crescimento do setor e deveria ser concluída até 2010. Segundo Jobim, as opções analisadas eram "inviáveis" ou não compensavam o alto custo.
Para o ministro, a demanda da aviação comercial em São Paulo será atendida com mudanças na configuração dos terminais de Guarulhos, novos pátios para estacionar aeronaves, pistas rápidas de taxiamento, a construção do terceiro terminal nos próximos dois anos e o uso mais eficiente do aeroporto de Viracopos (Campinas).
Segundo o Snea, as medidas anunciadas por Jobim são uma "solução de momento".
"Mas, infelizmente, a médio prazo, ficamos com a infra-estrutura comprometida. Congonhas e Guarulhos estão no limite de operação", disse Mollo.
O ministro afirmou ontem que o local previsto para a pista teria limitações técnicas, porque ela poderia ter apenas 1.800 metros de comprimento e seria muito próxima da serra da Cantareira. "É incompatível com o perfil das aeronaves daquele aeroporto", disse.
Outra alternativa, a construção da pista dentro da base aérea da FAB, custaria R$ 3 bilhões. "A solução é o terceiro aeroporto de São Paulo", concluiu Jobim. Antes, o ministro defendia a nova pista, não o terceiro aeroporto.
O local do novo aeroporto ainda não está definido, mas existem quatro ou cinco áreas "sob estudo". A desapropriação do terreno foi estimada em R$ 2 bilhões e o projeto da obra sairá em julho de 2009, a um custo de R$ 40 milhões.
Até julho, Jobim planeja aumentar em 27 espaços as vagas para aviões estacionados em Guarulhos. Hoje são 66. "O problema em Guarulhos não era pistas, era pátio", disse.
O terceiro terminal, previsto no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), deve ter o edital publicado em breve.
A obra deve durar dois anos e aumentará a capacidade de passageiros de 17 milhões para 29 milhões.


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