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Governo recua e libera escalas em Congonhas
Após quase seis meses de restrições, aeroporto voltará a atender conexões, fretamentos e vôos charters a partir de 16 de março
Governo também desiste de construir a terceira pista de Cumbica, obra considerada essencial e que deveria ser concluída até 2010
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Nelson Jobim
(Defesa) anunciou ontem a retirada da proibição de conexões
e escalas em Congonhas a partir de 16 de março, quase seis
meses depois de declarar que o
aeroporto paulista jamais voltaria a ser um centro de distribuição de vôos ("hub").
"Congonhas não é e não voltará a ser, em hipótese alguma,
ponto de distribuição", disse o
ministro em 18 de agosto.
Ontem, Jobim disse ainda
que Congonhas voltará a atender fretamentos e charters em
horários determinados do fim
de semana, mas manterá o limite de 30 pousos e decolagens
por hora (aviação comercial).
A restrição a Congonhas havia sido anunciada no ano passado como uma resposta às dificuldades operacionais do aeroporto, explicitadas após um
Airbus da TAM não conseguir
parar na aterrissagem e explodir contra um prédio, matando
199 pessoas em julho de 2007.
Jobim negou que o recuo
com relação a Congonhas seja a
correção de um erro.
"Naquele momento, a mudança se justificava, havia um
caos e uma falta de ligação entre os órgãos. Não é questão de
que tenhamos errado, é que
reassumimos o controle."
As empresas negam que tenham pressionado o ministério
para rever a política sobre Congonhas. "Mas é um avanço no
sentido de restabelecer a normalidade", disse José Márcio
Monsão Mollo, presidente do
Snea (Sindicato Nacional das
Empresas Aéreas).
Terceira pista
O governo também desistiu
de construir a terceira pista do
aeroporto de Cumbica (Guarulhos), obra que era considerada
essencial para atender ao crescimento do setor e deveria ser
concluída até 2010. Segundo
Jobim, as opções analisadas
eram "inviáveis" ou não compensavam o alto custo.
Para o ministro, a demanda
da aviação comercial em São
Paulo será atendida com mudanças na configuração dos terminais de Guarulhos, novos pátios para estacionar aeronaves,
pistas rápidas de taxiamento, a
construção do terceiro terminal nos próximos dois anos e o
uso mais eficiente do aeroporto
de Viracopos (Campinas).
Segundo o Snea, as medidas
anunciadas por Jobim são uma
"solução de momento".
"Mas, infelizmente, a médio
prazo, ficamos com a infra-estrutura comprometida. Congonhas e Guarulhos estão no limite de operação", disse Mollo.
O ministro afirmou ontem
que o local previsto para a pista
teria limitações técnicas, porque ela poderia ter apenas
1.800 metros de comprimento
e seria muito próxima da serra
da Cantareira. "É incompatível
com o perfil das aeronaves daquele aeroporto", disse.
Outra alternativa, a construção da pista dentro da base aérea da FAB, custaria R$ 3 bilhões. "A solução é o terceiro
aeroporto de São Paulo", concluiu Jobim. Antes, o ministro
defendia a nova pista, não o terceiro aeroporto.
O local do novo aeroporto
ainda não está definido, mas
existem quatro ou cinco áreas
"sob estudo". A desapropriação
do terreno foi estimada em R$
2 bilhões e o projeto da obra
sairá em julho de 2009, a um
custo de R$ 40 milhões.
Até julho, Jobim planeja aumentar em 27 espaços as vagas
para aviões estacionados em
Guarulhos. Hoje são 66. "O problema em Guarulhos não era
pistas, era pátio", disse.
O terceiro terminal, previsto
no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), deve ter o
edital publicado em breve.
A obra deve durar dois anos e
aumentará a capacidade de
passageiros de 17 milhões para
29 milhões.
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