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Paulo Patarra, o pai da revista "Realidade"
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não era sua culpa, mas Paulo de Carvalho Patarra foi o
estereótipo do jornalista no
Brasil. Poucos fumaram e beberam, criticaram e escreveram como o pai de "Realidade"; difícil, pois, ser mais repórter que ele.
Controverso desde pequeno, foi interno no colégio católico onde nasceu, São José
dos Campos (SP). Mas discordava do discurso dos padres.
Acabou virando ateu.
Aos 15 chegou a São Paulo
para estudar ciências sociais e
jornalismo. Não terminou nenhum. Na Cásper Líbero, foi
expulso por encabeçar uma
greve. Porque "foi comunista
até o fim da vida".
Era jornalista saudoso, que
não gostava de computador
ou telefone -até para checar
um nome ia pessoalmente até
a fonte. Ao assumir a direção
da "Quatro Rodas", onde foi
fotógrafo e motorista, as pautas mudaram, com capa para
a situação dos índios da Amazônia. E o guia turístico virou
embrião de "um marco na
história da imprensa".
Foi ele quem mandou Zé
Hamílton Ribeiro para o Vietnã, pela "Realidade", revista
que fundou em 1966 -na qual
P.Pat, em plena ditadura militar e com boas doses de uísque, assinou certa capa com
Luís Carlos Prestes. Foi seu
último trabalho na revista,
em 1968. Rendeu um Prêmio
Esso de Jornalismo. E perseguição dos militares, registrada no livro de Frei Betto.
Atuou então na "Globo" por
duas décadas e foi do "Aqui
Agora", marco do jornalismo
popular. Passou ainda pelo
"Notícias Populares". Onde
esteve, revolucionou redações. E fumou por 60 anos.
Em 2006, descobriu um
câncer na garganta. A última
tragada, deu entrando no hospital, onde retirou as cordas
vocais. Morreu ontem, aos 74,
em São Paulo. Era parte da
Comissão de Honra do Centenário da ABI, e da história da
imprensa brasileira. O corpo,
havia doado para pesquisa.
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