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Na estréia, faixa de moto causa lentidão na 23 de Maio
Pistas são estreitadas para formar 2,9 km de corredor para motos na avenida
Por hora, passam 2.000 motoqueiros em cada sentido da via; motoristas criticaram medida da gestão Gilberto Kassab (DEM)
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Motoqueiros utilizam faixa exclusiva na avenida 23 de Maio; a novidade estreou ontem e vai ser testada até o fim desta semana
RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
A faixa exclusiva para motos
na avenida 23 de Maio -principal corredor de ligação das zonas norte e sul de São Paulo-
estreou ontem causando lentidão no trânsito da região.
O estreitamento do espaço
destinado aos carros -uma das
cinco faixas em cada sentido ficou reservada às motos- teve
reflexos não só no trecho de 2,9
quilômetros, entre os viadutos
Tutóia e Pedroso, onde a faixa
foi implantada mas também
nos trechos anteriores e posteriores da avenida. Não houve
registro de acidentes neste trecho. E, de novo, motoristas de
carro e motoqueiros tiveram,
em sua maioria, avaliações distintas sobre a medida.
O médico Juarez Távora Esposito Jr., 54, passou pela 23 de
Maio por volta do meio-dia. "O
trânsito fica represado antes de
chegar às faixas de moto", disse.
A velocidade média dos carros
nos trechos anteriores ao início
dos corredores era de 20km/h.
Superado o gargalo, a velocidade voltava a subir.
Cícero Camelo, 48, que mora
próximo à 23 de Maio e circula
de carro constantemente pela
avenida, criticou a medida.
"Aumentam os engarrafamentos e não resolve o problema da
segurança", diz Camelo. "O
problema é a imprudência dos
motoqueiros e das empresas,
que cobram velocidade nas entregas", afirma.
Alguns motoristas tiveram
dificuldade para entender a
mudança. "Vi um monte de cones e não entendi nada", disse o
representante Marcelo Chiado,
46. Confusos, alguns chegavam
a derrubar cones ao tentar utilizar a pista reservada.
Já o motociclista Arthur Fehlauer, 20, aprovou a faixa exclusiva. "Em termos de tempo,
não muda muito", disse. "O que
aumenta é a segurança, porque
você não precisa se preocupar
com algum carro que possa entrar na sua frente."
Com a faixa exclusiva para as
motos, a gestão Gilberto Kassab (DEM) beneficiará até
2.000 motoqueiros por hora
em cada sentido da via, entre as
10h e as 16h. Se desengavetasse
o projeto de construir um corredor de ônibus na avenida, beneficiaria até 10 mil passageiros por hora em cada sentido.
O atual secretário de Transportes, Alexandre de Moraes,
diz que o projeto do governo
Marta Suplicy (PT) não pôde
ser levado adiante porque "não
há vias de acesso para os usuários" e porque o objetivo não é
diminuir os engarrafamentos,
mas diminuir os acidentes.
"Como as pessoas vão pegar
os ônibus no canteiro central se
não há pontos de ônibus, se não
há passarela para isso?", disse.
"Ao longo da cidade, estamos
privilegiando o transporte público, mas, aqui na 23 de Maio, a
ação é de proteção à vida."
Especialistas em trânsito, no
entanto, discordam da prioridade dada às motos. "Se o corredor de ônibus deu certo, deveriam insistir nisso", disse
Adhemar Gianini, secretário de
Transportes na gestão de Luiza
Erundina (1989-1992).
"Ainda precisamos esperar
um pouco para ver o impacto
dessa medida. De qualquer forma, acho questionável privilegiar a motocicleta. A prioridade
deveria ser o transporte coletivo", afirmou Marcos Bicalho,
superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
Lentidão
O trânsito na avenida 23 de
Maio registrou lentidão na
maior parte do tempo em que
durou a experiência. A prefeitura não divulga dados específicos sobre o trânsito no corredor. As faixas exclusivas para
motos serão sinalizadas por cones diariamente, das 10h às
16h, até o fim desta semana.
Elas ocupam toda a faixa da esquerda nos dois sentidos da
avenida entre os viadutos Tutóia e Pedroso.
A faixa foi inaugurada pelo
secretário municipal dos
Transportes, Alexandre de Moraes, e pelo presidente da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego), Roberto Scaringella,
que estiveram pela manhã na
avenida. À noite, a prefeitura
disse que só iria definir sobre a
permanência da faixa exclusiva
após a semana de experiência.
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