São Paulo, terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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MST invade fazenda de narcotraficante

Propriedade do colombiano Juan Carlos Abadía em Guaíba (RS) foi invadida ontem de manhã, antes de ser leiloada

Objetivo do MST era que Incra comprasse fazenda; propriedade de 129 hectares acabou arrematada na tarde de ontem por R$ 850 mil

SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUAÍBA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem uma fazenda de 129 hectares (mais de 180 campos de futebol) que era de propriedade do traficante colombiano Juan Carlos Abadía. Ela está localizada em Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre, e foi leiloada à tarde.
Cerca de 600 integrantes do movimento chegaram ao local às 5h para pressionar o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a entrar no leilão da Justiça Federal, comprar as terras e destiná-las ao MST.
Com a prisão de Abadía, em agosto último, a área estava sob responsabilidade do Ministério da Justiça. A propriedade acabou arrematada por R$ 850 mil, metade do valor estimado pela Justiça Federal.
O Incra informou ao MST que não entraria no leilão por 90% da área ser de preservação ambiental permanente, sem possibilidade de plantio, e também devido à existência no local de uma casa luxuosa de 500 m2, o que elevaria muito o preço. "Técnicos vistoriaram o imóvel e concluíram que não apresenta viabilidade de exploração agrícola e pecuária", disse o superintendente do Incra no Estado, Mozart Dietrich.
Depois que o Incra descartou a compra da fazenda, os sem-terra resolveram permanecer no local até ser apresentada a proposta de assentamento.
"Suspendemos uma marcha no ano passado porque o Incra nos garantiu que assentaria mil famílias em abril. Mas, até agora, não nos apresentou um plano de assentamento nem quais áreas está comprando para as famílias", disse Luciana da Rosa, da coordenação do MST no Rio Grande do Sul.
Dietrich disse que o Incra avalia áreas para destinar à reforma agrária e que o prazo combinado será cumprido.
Mesmo com o leilão da fazenda, os sem-terra continuam acampados e não pretendem sair da área. Eles montaram barracas e improvisaram banheiros e uma cozinha coletiva.
A casa e os galpões da propriedade não foram invadidos. O leiloeiro oficial, Renato Moisés, disse que a fazenda foi arrematada pelo lance inicial. O comprador é de Bauru, mas, segundo Moisés, seu nome não pode ser revelado até que seja formalizada a negociação.

Análise
O superintendente da Polícia Federal no Estado, Ildo Gasparetto, disse que aguardará análise da Advocacia Geral da União com relação ao pedido de desapropriação da área para eventualmente agir e retirar os sem-terra do local.
O segundo leilão judicial dos imóveis que pertenciam a Abadía arrecadou, na tarde de ontem, cerca de R$ 1,9 milhão. Os três imóveis que ainda restavam em poder da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo foram arrematados por compradores anônimos, com lances feitos pela internet.
No total, os cinco imóveis do traficante renderam à Justiça Federal R$ 5,5 milhões.


Colaborou a Reportagem Local


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