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MST invade fazenda de narcotraficante
Propriedade do colombiano Juan Carlos Abadía em Guaíba (RS) foi invadida ontem de manhã, antes de ser leiloada
Objetivo do MST era que Incra comprasse fazenda; propriedade de 129 hectares acabou arrematada na tarde de ontem por R$ 850 mil
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUAÍBA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
invadiu ontem uma fazenda de
129 hectares (mais de 180 campos de futebol) que era de propriedade do traficante colombiano Juan Carlos Abadía. Ela
está localizada em Guaíba, na
região metropolitana de Porto
Alegre, e foi leiloada à tarde.
Cerca de 600 integrantes do
movimento chegaram ao local
às 5h para pressionar o Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a entrar no leilão da Justiça Federal, comprar as terras e destiná-las ao MST.
Com a prisão de Abadía, em
agosto último, a área estava sob
responsabilidade do Ministério
da Justiça. A propriedade acabou arrematada por R$ 850
mil, metade do valor estimado
pela Justiça Federal.
O Incra informou ao MST
que não entraria no leilão por
90% da área ser de preservação
ambiental permanente, sem
possibilidade de plantio, e também devido à existência no local de uma casa luxuosa de 500
m2, o que elevaria muito o preço. "Técnicos vistoriaram o
imóvel e concluíram que não
apresenta viabilidade de exploração agrícola e pecuária", disse o superintendente do Incra
no Estado, Mozart Dietrich.
Depois que o Incra descartou
a compra da fazenda, os sem-terra resolveram permanecer
no local até ser apresentada a
proposta de assentamento.
"Suspendemos uma marcha
no ano passado porque o Incra
nos garantiu que assentaria mil
famílias em abril. Mas, até agora, não nos apresentou um plano de assentamento nem quais
áreas está comprando para as
famílias", disse Luciana da Rosa, da coordenação do MST no
Rio Grande do Sul.
Dietrich disse que o Incra
avalia áreas para destinar à reforma agrária e que o prazo
combinado será cumprido.
Mesmo com o leilão da fazenda, os sem-terra continuam
acampados e não pretendem
sair da área. Eles montaram
barracas e improvisaram banheiros e uma cozinha coletiva.
A casa e os galpões da propriedade não foram invadidos.
O leiloeiro oficial, Renato Moisés, disse que a fazenda foi arrematada pelo lance inicial. O
comprador é de Bauru, mas, segundo Moisés, seu nome não
pode ser revelado até que seja
formalizada a negociação.
Análise
O superintendente da Polícia
Federal no Estado, Ildo Gasparetto, disse que aguardará análise da Advocacia Geral da
União com relação ao pedido de
desapropriação da área para
eventualmente agir e retirar os
sem-terra do local.
O segundo leilão judicial dos
imóveis que pertenciam a Abadía arrecadou, na tarde de ontem, cerca de R$ 1,9 milhão. Os
três imóveis que ainda restavam em poder da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo foram arrematados por compradores anônimos, com lances
feitos pela internet.
No total, os cinco imóveis do
traficante renderam à Justiça
Federal R$ 5,5 milhões.
Colaborou a Reportagem Local
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