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Novos centros mudam o comércio de luxo na cidade
Shoppings de alto padrão estão em um raio de 7 km, onde já há 7 centros comerciais
Para 2009, estão previstos ainda os vizinhos Parque JK e Vila Olímpia, separados apenas pela Daslu; mudança provoca migração de grifes
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A inauguração do shopping
Cidade Jardim, prevista para
março, à distância de uma ponte da Daslu e num raio que, em
7 km já concentra sete grandes
centros comerciais (o Iguatemi
e o Morumbi, para citar dois
dos maiores), muda a paisagem
urbana da marginal Pinheiros,
consolida a região como novo
perímetro de luxo da cidade e
embaralha o comércio de rua
da Oscar Freire.
E a expansão não pára por aí.
No próximo ano, outros dois
shoppings de alto padrão, o
Parque JK, construído onde está instalado o "esqueleto" da
Eletropaulo, e o Vila Olímpia,
um ao lado do outro, separados
pela Daslu, levantam três questões: para onde vão os ricos, o
mercado de luxo pode saturar e
para onde vai o crescimento da
cidade?
O primeiro reflexo dessa mudança já pode ser visto na região dos Jardins. A abertura do
Cidade Jardim provocou a primeira baixa no comércio de luxo de rua da Oscar Freire. A superjoalheria norte-americana
Tiffany's & Co da Haddock Lobo fechou para reabrir por lá.
A lógica é explicada por especialistas em varejo e consumidoras na segurança pública.
"Ninguém vai comprar um relógio de R$ 20 mil e se arriscar a
tomar um café na esquina", diz
a empresária Ana Guimarães.
"O brasileiro não tem o hábito de andar na rua. E as grifes
não são loucas de abrirem mais
de duas lojas na mesma cidade.
Em nenhum lugar do mundo é
assim", diz Eliana Tranchesi,
dona da Daslu.
A inauguração de uma estação do metrô na rua nos próximos anos pode contribuir para
a mudança do perfil de comércio, mas dificilmente, na avaliação de urbanistas, deve repetir
o declínio da Augusta, que teve
seu apogeu nos anos 70.
"A Oscar Freire pode mudar,
mas não some. A rua tem charme", diz o arquiteto Alexandre
Laguardia. Ele compara o movimento inverso do shopping
D&D, em que lojas fecharam
para reabrir na Gabriel Monteiro da Silva, a rua da decoração.
Cidade compacta
Do ponto de vista urbano, do
desenvolvimento da cidade, a
construção de tantos shoppings na marginal contribui para o crescimento da metrópole
difusa, em detrimento da cidade compacta, próxima das regiões centrais, onde há infra-estrutura, segundo avalia Marcelo Barbosa, professor de urbanismo do Mackenzie, especialista e crítico de shoppings.
"As incorporadoras acabam
criando uma outra cidade, fechada, e voltando as costas ao
centro. Esses grandes shoppings reforçam isso. Mas com o
tempo eles mesmos vão se canibalizar", afirma Barbosa.
A mesma opinião é compartilhada por Eliane Monetti, professora do núcleo de Real Estate da USP, que estuda os negócios imobiliários na cidade.
"Está mais do que saturado.
Estão repartindo o mesmo público. A tendência é vender menos e que o grau de rentabilidade caia. Não é verdade que os
shoppings estão estrangulados
e precisem de mais espaço."
Para a Abrasce (a associação
dos shoppings), "o setor estava
represado". "A concorrência é
grande, mas o mercado consumidor vem crescendo", diz Luiz
Fernando Veiga, diretor-executivo da instituição.
Diretora do Cidade Jardim,
Sharon Beting diz que a decisão
de construir o shopping ali foi
baseada na chamada "área primária", o raio de 5 km do local.
"A Vila Olímpia não era apropriada porque a vizinhança era
toda comercial. Do outro lado
do rio é tudo residencial", diz.
Um aspecto positivo da construção dos shoppings, segundo
arquitetos, é a promoção da reciclagem urbana. As calçadas e
o asfalto das ruas de acesso ao
Cidade Jardim foram refeitos e
a fiação dos postes, enterrada.
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