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Igreja não seguiu sugestão do IPT para revisar telhado
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Igreja Renascer em Cristo
não seguiu a recomendação do
IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas) de fazer revisões
periódicas na estrutura do telhado que desabou no último
domingo na região central de
São Paulo, causando a morte de
nove pessoas.
As revisões, de acordo com o
IPT, eram fundamentais para
garantir a segurança do teto. A
Renascer diz ter feito as revisões, afirma que elas eram simples, mas não tem documentos
para comprová-las. Revisões sem
documentação técnica não têm
valor legal.
A recomendação faz parte do
relatório que o IPT elaborou
em 15 de fevereiro de 2000,
atestando que as recomendações que os engenheiros tinham feito para restaurar a estrutura do telhado da igreja haviam sido cumpridas. "Devido
aos reforços introduzidos nas
tesouras TR 01 a TR 14 a segurança está restabelecida nas
condições atuais'", diz o texto.
Tesoura é o jargão pelo qual é
conhecida a estrutura triangular que sustenta as telhas.
Há, porém, uma ressalva na
aprovação da reforma: "No entanto, esta segurança precisa
ser verificada ao longo do tempo, inspecionando-se periodicamente, para detectar possíveis danos causados à estrutura
de madeira por fadiga, desgaste
físico, biodeterioração e eventual sobrecarga não prevista".
Segue o texto: "Portanto,
desde que sejam realizadas as
inspeções periódicas, pode-se
concluir que a estrutura de madeira atende aos requisitos de
segurança de acordo com os
critérios estabelecidos na NBR
7190/97".
NBR 7190/97 é a norma brasileira que trata de estruturas
de madeira. Foi elaborada pela
ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) em 1997.
A recomendação está nas
conclusões do documento do
IPT, num item que trata da
análise estrutural do edifício.
A Renascer precisou alterar a
estrutura do telhado porque
havia vigas com cupim e a igreja
queria adicionar ar-condicionado ao edifício. O prédio que a
Renascer escolheu para a sua
sede mundial foi construído em
1973 e abrigou um cinema.
O escritório contratado para
o projeto estrutural, do engenheiro Carlos Freire, propôs
que o ar-condicionado ficasse
numa torre de metal para não
sobrecarregar o telhado.
Os dutos que conduzem o ar
para dentro do prédio, porém,
foram instalados sob o telhado.
Para isso, o IPT sugeriu que a
igreja usasse estruturas de metal para reforçar as vigas de madeira, o que foi feito.
Vistoria técnica como a sugerida pelo IPT só tem valor legal
se for documentada, segundo o
engenheiro Marcos Monteiro,
presidente da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e
Consultoria Estrutural).
Esse tipo de relatório tem o
nome de ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica). Ele
define quem são os responsáveis técnicos por uma obra ou
revisão. "Sem documentação
não dá para comprovar que
houve revisão periódica", afirma Monteiro.
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