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CRIME NA REDE
Segundo a PF, rapaz se suicidou no Rio antes de serem localizadas imagens sexuais de crianças em seu computador
Jovem morre em operação antipedofilia
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Uma operação internacional de
combate à pedofilia deflagrada
ontem em 30 países resultou na
morte de um estudante de 17
anos, que teria se atirado da janela
de seu quarto enquanto a PF (Polícia Federal) examinava os computadores do apartamento em
que morava com a família, na zona norte do Rio de Janeiro.
O rapaz caiu de uma altura de 24
metros no estacionamento de um
condomínio na rua Visconde de
Itamaraty, no Maracanã. Embora
socorrido por um médico que
mora no local, o jovem morreu
menos de dez minutos após a
queda.
A versão dada pela PF é que o
jovem cometeu suicídio.
A família da vítima não quis dar
entrevista. Em depoimento, o pai
do rapaz não se queixou da ação
policial em seu apartamento.
A morte do estudante ocorreu
por volta das 6h30. Quatro policiais federais estavam havia 30
minutos no apartamento, em
cumprimento a um mandado judicial de busca e apreensão.
O rapaz deixou a sala, onde estava acompanhado da mãe, da irmã
(estudante de direito) e de dois
policiais, foi ao quarto e se atirou
da janela, de acordo com a versão
apresentada pela PF.
Iniciada na Espanha em outubro de 2005, a Operação Azahar
(região no litoral espanhol) teve
ontem uma segunda fase, da qual
participaram as polícias de países
da América do Sul, da América
Central, da América do Norte, da
Europa e da Ásia. No total, eram
130 alvos, dos quais 34 no Brasil
(Estados do Rio, São Paulo, Minas
Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul,
Sergipe, Paraíba, Pará, Mato
Grosso, Espírito Santo e Paraná).
Os endereços foram passados à
PF pela Guarda Civil da Espanha,
que os obteve por meio de um
programa pioneiro de busca de
pedófilos pela internet. Batizado
de Híspalis, o programa identifica
o que as autoridades policiais espanholas chamam de "o DNA"
das imagens pornográficas que
circulam pela internet. O programa revela o IP (a identidade pessoal) do computador pelo qual a
imagem circulou.
Os dez mandados de busca e
apreensão em endereços no Rio
foram cumpridos. A PF não divulgou a quantidade de computadores e programas apreendidos.
Em entrevista, o superintendente da PF no Rio, José Milton Rodrigues, afirmou que o computador do jovem trazia imagens sexuais de crianças com menos de
14 anos. "Havia até bebês."
O computador foi aberto à tarde
pela perícia. O superintendente
disse não ter visto as imagens,
mas que os peritos lhe informaram que o jovem vinha recebendo
e distribuindo na rede cenas de
pedofilia em fotografias e vídeos.
A PF não realizou prisões. O objetivo da operação, segundo o superintendente, era o de apreender
material. Após a perícia, se for o
caso, poderão ser apresentados
pedidos de prisão à Justiça.
O superintendente disse que
um menor de 18 anos envolvido
com pedofilia pode ser condenado de um a quatro anos de reclusão, como prevê o ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente).
Fatalidade
O superintendente da PF creditou a "uma fatalidade" a morte do
rapaz durante a ação policial.
Mesmo assim, determinou a
abertura de inquérito para investigar as circunstâncias da morte.
"É prematuro dizer se houve ou
não algum tipo de falha por parte
dos policiais encarregados de
cumprir o mandado de busca e
apreensão naquele endereço. Isso
vai ser apurado pelo inquérito",
afirmou Rodrigues, para quem,
em uma análise inicial, "tudo leva
a crer que se trata de um suicídio".
Em entrevista no final da tarde,
afirmou que a atitude do adolescente surpreendeu os parentes e
também os policiais.
Rodrigues afirmou ainda considerar que os policiais não erraram
ao permitir que o estudante fosse
até seu quarto sem um acompanhamento. Isso porque ele não
teria demonstrado nervosismo
ou algum tipo de alteração de
comportamento.
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