São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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EDUCAÇÃO IMPROVISADA

Escola com 240 alunos em Ribeirão Preto passa por reforma até junho

Quadra vira sala de aula no interior

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Cerca de 240 alunos de segunda, terceira e quarta séries da escola municipal Alfeu Gasparini, de Ribeirão Preto (314 km de SP), estão tendo aulas em salas improvisadas em uma quadra de esportes, coberta por zinco. As salas são separadas apenas por biombos de madeirite. Sem teto, as salas não têm proteção acústica nem barreira contra o vento.
As salas na quadra foram erguidas por funcionários da prefeitura no último final de semana e devem ser usadas enquanto a escola estiver em reforma, prevista para acabar em junho.
As crianças reclamam que o barulho vindo das outras salas impede que entendam o que as professoras dizem. Ontem, durante temporal que atingiu a cidade, a Folha ouviu os gritos de alunos dentro das salas, assustados com os trovões.
"Tem vezes que eu não ouço [a professora], porque as crianças das outras salas gritam", conta Jéssica Carolina Barbosa, 9.
Ripas de madeira sustentam lâmpadas (já que a quadra é escura) e três ventiladores. Os aparelhos, porém, não são suficientes para impedir o calor.
"Fica muito quente. Os ventiladores tinham que ficar um pouco mais para baixo", diz Gabriela Martins, 8, da 3ª série.
A quadra está sem telas para proteção no entorno e não é incomum bolas das aulas de educação física nas quadras vizinhas irem parar na porta das salas. A direção disse que até o final da semana as telas serão afixadas.
O almoço das crianças também foi improvisado pela reforma. Avó de dois alunos, a auxiliar de enfermagem Maria de Fátima Francisco da Silva, 44, reclama que as crianças estão sem almoço. "Isso não é justo e as aulas nas quadras são um absurdo."
Por causa da reforma na cozinha, a refeição das 11h30, que deveria ter arroz, feijão e mistura, foi suspensa e substituída por pão com carne até o final das obras no local.
O promotor Marcelo Pedroso Goulart disse ontem à Folha que vai visitar a escola. O vereador Leopoldo Paulino (PSB) encaminhou uma representação à Câmara denunciando o improviso. O prefeito Welson Gasparini (PSDB) disse que os improvisos são "inconvenientes", mas o prêmio virá após a reforma.


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