São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

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Era uma gritaria, o pessoal correndo, diz sobrevivente

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O professor Ruberval Almeida Lemos, 42, pagou R$ 90 para ir a Manaus (AM) na embarcação "Almirante Monteiro", que naufragou anteontem.
Ele embarcou em Monte Alegre, no Pará. "Vim para Manaus em busca de trabalho, de uma nova oportunidade", disse o professor à Folha, por telefone.
Lemos estava em uma rede no segundo convés quando o acidente aconteceu. Sentiu o choque da colisão, e o barco foi tomado pelas águas barrentas do Amazonas. Perdeu documentos, roupas e dinheiro.
"Era uma gritaria, o pessoal correndo. Só vi quando o barco já estava afundando. Senti uma grande angústia, não deu tempo de pegar o colete [salva-vidas], as águas me jogaram na parede. Peguei em um pedaço de madeira e subi para a proa. Ajudei uma mulher a subir também", disse.
Lemos disse que, após ser resgatado, ainda na vila Novo Remanso, ligou para um primo em Manaus e avisou sobre o acidente.
Com outros três sobreviventes do naufrágio, dividiu um táxi até a capital do Amazonas, onde chegou por volta das 16h (17h pelo horário de Brasília).
A Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental estima que 30 mil embarcações de madeira de transporte de passageiros, também conhecidas como barco-recreio ou gaiolas, trafeguem pelos rios da bacia amazônica.
A embarcação é o principal meio de transporte para ribeirinhos, já que não há ligação por terra entre muitos trechos. Nesses barcos, as pessoas dormem em redes durante as viagens, que chegam a durar vários dias.
Considerado de grande proporção, o acidente com o "Almirante Monteiro" é o primeiro registrado na região desde 2005, quando uma colisão entre um barco e duas balsas matou 16 pessoas, também no rio Amazonas, em Urucurituba (285 km de Manaus). (KB)


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