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Projeto cria 28 cargos de confiança no TCM
Texto deverá ser votado na próxima terça na Câmara Municipal; salário-base dos novos funcionários será de até R$ 8.500
O projeto define novas gratificações a funcionários do TCM e acaba com o teto salarial equivalente ao salário do prefeito
EVANDRO SPINELLI
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara Municipal deve
votar na próxima terça-feira o
projeto de lei que cria 28 cargos
de confiança para o TCM (Tribunal de Contas do Município)
de São Paulo com salário-base
de até R$ 8.500. Além dos cargos, o projeto estabelece novas
gratificações em dinheiro para
os funcionários do TCM e acaba com o teto salarial equivalente ao salário do prefeito.
A votação, já em segundo turno, estava marcada para ontem,
mas foi adiada por falta de acordo entre os líderes partidários
-o PT pediu o adiamento para
discutir detalhes do projeto,
mas também deve votar a favor.
O TCM não revelou ontem à
Folha qual é seu número atual
de funcionários nem o impacto
que a criação dos novos cargos
terá na folha de pagamento.
Em 1997, último dado disponível, o tribunal tinha 742 funcionários -uma média de 148
servidores para cada um dos
cinco conselheiros. Em 1993,
eram 482 servidores.
Ontem, o TCM informou somente que em 2006 foram contratadas cem pessoas por concurso, mas que boa parte delas
já pediu demissão devido aos
supostos baixos salários.
Em 2001, o salário médio de
um assessor técnico do tribunal era de R$ 20 mil.
Neste ano, o TCM tem R$ 149
milhões para gastar, contra R$
95 milhões no ano passado.
Porém, os gastos brutos com
pessoal, que levam a maior parte do orçamento do órgão, subiram 20% entre 2006 e 2007,
atingindo R$ 72 milhões.
O projeto foi apresentado pelo próprio tribunal na esteira
do trem da alegria aprovado pela Câmara em abril de 2007,
que acabou com o teto salarial e
criou gratificações.
O projeto do tribunal é praticamente uma cópia da lei aprovada para a Câmara. Esse é o argumento mais forte dos vereadores que defendem o projeto:
se há algum erro, a lei da Câmara também está errada.
Os principais defensores do
projeto do TCM na Câmara são
Antonio Goulart (PMDB), aliado do ex-presidente Antonio
Carlos Caruso, e Carlos Apolinário (DEM), aliado do atual
presidente, Edson Simões.
Entre os vereadores, somente Soninha Francine (PPS) critica publicamente o projeto.
"Aí, acontecem aquelas coisas.
Um funcionário do TCM ganha
três vezes mais que o prefeito...
Se bobear, acaba ganhando
mais que o ministro do Supremo, que é o teto máximo", diz
Soninha em seu blog.
Em razão da suspeita de desvio de dinheiro público e abuso
na contratação de funcionários,
incluindo parentes de conselheiros, a Câmara realizou em
2001 a CPI do TCM.
O relatório concluiu que o
tribunal não era transparente
por não revelar, por exemplo,
quanto ganhavam seus funcionários e conselheiros.
Os vereadores levaram quase
seis meses para conseguir obter
o valor dos salários dos funcionários. Já os conselheiros simplesmente se negavam a dizer
quanto ganhavam.
Na época, uma secretária de
administração do TCM declarou à CPI que recebia cerca de
R$ 13 mil brutos por mês. Os
conselheiros ganhariam bem
mais, além de abusar de despesas com viagens, por exemplo.
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