|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NA UTI
Ministério, que fornece os medicamentos aos Estados, afirma que faltam matérias-primas que vêm da China e da Índia
Saúde pede racionamento de droga anti-Aids
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O programa nacional de Aids
do Ministério da Saúde voltou a
recomendar, na última segunda-feira, que Estados com estoques
baixos de drogas contra a Aids
adotem um racionamento dos remédios, isto é, em vez de distribuir o suficiente para um mês, por
exemplo, entregar a quantidade
para quinze dias. O ministério é
responsável pelo abastecimento
das secretarias estaduais.
Desta vez, o problema de estoque baixo é com a combinação de
drogas AZT e 3TC, entregue a 100
mil portadores do HIV. Em abril
do ano passado, o ministério já
havia sugerido o racionamento da
droga tenofovir. Em fevereiro de
2005, faltou AZT.
O governo federal atribuiu a nova queda nos estoques à carência
de matéria-prima para fazer a
combinação no mercado internacional. "Estamos no fio da navalha", disse Mariângela Simão, diretora-adjunta do Programa Nacional de DST e Aids, que confirmou a queda dos estoques em SP
e no MS no início desta semana.
No total, os 100 mil pacientes consomem 6 milhões de comprimidos por mês.
Simão disse ontem que o laboratório público Farmanguinhos,
ligado à Fundação Oswaldo Cruz,
do Rio, acabara de prometer a entrega de 1,8 milhão de comprimidos da combinação de drogas, o
que, segundo disse, deverá reequilibrar a situação em breve.
Ainda está prevista a chegada de
um carregamento da combinação
de drogas comprado de um fornecedor indiano, disse Simão.
Segundo a diretora, outros países também enfrentam o problema, pois só há dois grandes fornecedores internacionais da matéria-prima das drogas, na China e
na Índia. Ela disse que a própria
Organização Mundial da Saúde já
alertou sobre o estrangulamento
no fornecimento de insumos.
Simão disse que o governo poderá centralizar as compras de
matéria-prima, hoje pulverizadas
entre laboratórios públicos. A
promessa, no entanto, já foi feita
pelo ex-ministro Humberto Costa
e não se concretizou.
O racionamento é criticado por
poder prejudicar a adesão ao tratamento. ONGs do setor de Aids
também cobram mudanças na
produção das drogas. "O que precisamos é da fabricação nacional
da matéria-prima", diz Américo
Neto, do Fórum de ONGs de SP.
Texto Anterior: Polícia: Acusado de matar 21 na "cracolândia" é preso Próximo Texto: Anestésico tem venda suspensa após morte Índice
|