São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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CAROLINA KOLCSAR (1903-2009)

Húngara centenária, caipirinha e futebol

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

No restaurante, ao ser questionada sobre o que gostaria de tomar, a húngara Carolina Kolcsar, mais de cem anos vividos, solicitou ao garçom uma caipirinha de limão, bebida que adorava.
No Brasil desde 1925, ano em que veio com o marido e um filho pequeno em busca de uma vida melhor, viveu 105 anos, até quinta, quando morreu em Mogi das Cruzes (SP), após complicações agravadas pela idade.
Uma vez no país, não sentia vontade de retornar à Hungria -as dificuldades pelas quais passou deixaram marcas. Mesmo assim, não escondia as origens, especialmente na cozinha.
A família lembra da palacsinta (espécie de panqueca) que ela preparava, recheada com goiabada, e da töltött káposzta, um charutinho de folhas de repolho envolvendo carne moída com arroz.
No começo, o marido arrumou emprego como motorneiro da Light. Depois, decidiu largar o serviço e comprar um sítio em Mogi, onde passou a produzir carvão.
Fã de futebol, ele conseguiu levar o Palmeiras, então Palestra Itália, para jogar na região. Por causa disso, Carolina virou palmeirense roxa. Além da caipirinha, adotou o futebol como paixão.
Em 1952, descontente com o casamento, botou o marido para fora de casa, mas, 12 anos depois, o perdoou. Cuidou dele até 1974, ano em que ele morreu do coração.
Até os 103, estava lúcida, jogando buraco e tranca com a família para se divertir. Teve quatro filhos, 13 netos, 18 bisnetos e nove trinetos.

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