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CAROLINA KOLCSAR (1903-2009)
Húngara centenária, caipirinha e futebol
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
No restaurante, ao ser
questionada sobre o que gostaria de tomar, a húngara Carolina Kolcsar, mais de cem
anos vividos, solicitou ao garçom uma caipirinha de limão, bebida que adorava.
No Brasil desde 1925, ano
em que veio com o marido e
um filho pequeno em busca
de uma vida melhor, viveu
105 anos, até quinta, quando
morreu em Mogi das Cruzes
(SP), após complicações
agravadas pela idade.
Uma vez no país, não sentia vontade de retornar à
Hungria -as dificuldades
pelas quais passou deixaram
marcas. Mesmo assim, não
escondia as origens, especialmente na cozinha.
A família lembra da palacsinta (espécie de panqueca)
que ela preparava, recheada
com goiabada, e da töltött káposzta, um charutinho de folhas de repolho envolvendo
carne moída com arroz.
No começo, o marido arrumou emprego como motorneiro da Light. Depois, decidiu largar o serviço e comprar um sítio em Mogi, onde
passou a produzir carvão.
Fã de futebol, ele conseguiu levar o Palmeiras, então
Palestra Itália, para jogar na
região. Por causa disso, Carolina virou palmeirense roxa.
Além da caipirinha, adotou o
futebol como paixão.
Em 1952, descontente com
o casamento, botou o marido
para fora de casa, mas, 12
anos depois, o perdoou. Cuidou dele até 1974, ano em
que ele morreu do coração.
Até os 103, estava lúcida,
jogando buraco e tranca com
a família para se divertir. Teve quatro filhos, 13 netos, 18
bisnetos e nove trinetos.
obituario@grupofolha.com.br
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