São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Memorização é menor à noite, diz pesquisador

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O especialista em cronobiologia da Unicamp Edson Delattre adverte que a capacidade de memorização e de aprendizagem das pessoas atinge o ápice entre o fim da manhã e o início da tarde. "Independentemente da hora em que a pessoa costuma acordar ou dormir, é à noite que o sono é mais reparador e que os neurônios se restabelecem. A capacidade de aprendizagem é reduzida."
Delattre afirma que a solução seria escolher o horário de acordo com seus hábitos de sono e tentar compensar da melhor forma possível as horas mal dormidas. "Cerca de 20% da população dorme muito tarde ou acorda muito cedo e, para esses, não haveria tantos problemas."
Quem dorme mal por muito tempo ameaça a saúde. "Há riscos de se desenvolver problemas gástricos e de pressão arterial. Quem dorme mal também abrevia os dias de vida", alerta.
Em termos profissionais, especialistas dizem que o mercado não discriminaria alunos vindos de cursos superiores "da madrugada".
"Não é o horário que determina se o curso é bom, mas a qualidade das aulas e dos professores", diz Roberto Carvalho Cardoso, presidente do Conselho Federal de Administração. "Vivemos numa cidade 24 horas, o que torna isso aceitável", diz Maria Inês Felippe, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos.
Para o consultor e ex-reitor da USP Roberto Lobo, o risco é a falta de rigor. "Como a maioria trabalha fora e estuda de madrugada, o professor pode facilitar a aprovação para não desestimular", diz.
"Outro problema é que esse horário não favorece ao aluno frequentar bibliotecas e assistir a palestras, o que empobrece a formação."
O MEC não faz restrições, mas a experiência já fracassou. Segundo ministério, cursos na madrugada "não constam das estatísticas". Em 2002, a Estácio de Sá criou um de extensão em informática, que durou dois semestres. Segundo a universidade, foi encerrado "por razões mercadológicas".
A Uespi (Universidade Estadual do Piauí) ofereceu cursos pós-noturnos entre 2000 e 2004, mas os interrompeu. A instituição não informou por que desistiu.


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