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Casal acertou ao falar à TV, dizem especialistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Advogados ouvidos pela Folha consideraram acertada a
estratégia da defesa de Alexandre Nardoni e Anna Jatobá de
colocar o casal em rede nacional de TV para negar participação na morte de Isabella.
O resultado da entrevista dada ao "Fantástico", da Rede
Globo, foi criar uma dúvida a
respeito da inocência do casal,
avaliam esses advogados.
"Quanto mais dúvida se lançar, tanto mais difícil fica condená-los", afirmou o advogado
Alberto Zacharias Toron. "É
um caso que, sem a confissão,
sempre terá a dúvida: será que
não tinha mesmo uma terceira
pessoa ali?", complementou.
Esse é o mesmo entendimento de Rui Celso Reali Fragoso.
Para ele, a entrevista, aliada ao
depoimento dado pelo casal
sexta-feira, pode complicar
uma decretação de prisão preventiva. "Isso reverte parte da
opinião pública", disse ele.
Os advogados consideram a
estratégia válida, diante da dimensão e das características
especiais desse caso. "Embora
juridicamente se possa dizer
que eles pudessem permanecer
em silêncio, de um ponto de
vista de uma psicologia judiciária, de um ponto de vista da opinião pública, seria um suicídio
[ficar em silêncio]", diz Toron.
Para Roberto Delmanto Júnior, o caminho escolhido pela
defesa do casal Nardoni, de não
recorrer ao direito de só falar
em juízo, não seria o mesmo
que ele adotaria. "Eu acho que
certos casos a melhor estratégia é o silêncio. Se eu te respondo uma coisa, você me contesta.
Mas, se eu fico em silêncio,
cria-se um vazio", disse.
O advogado disse que não
permitiria, por exemplo, que
seu cliente prestasse um depoimento sabendo que a polícia
poderia ter alguma prova "escondida na gaveta".
Para o desembargador Henrique Nelson Calandra, do Tribunal de Justiça de São Paulo, a
entrevista do casal foi positiva
porque serviu para que as pessoas pudessem ter acesso aos
argumentos de defesa dos principais suspeitos pelo crime.
Os advogados de defesa do
casal pretendem entrar hoje
com uma representação na
Corregedoria da Polícia Civil
apontando seis supostas irregularidades cometidas pela polícia durante a investigação.
Uma delas é a referência, durante o depoimento do casal na
última sexta, a laudos que não
estavam anexados ao inquérito.
"É uma irregularidade. O interrogado, quando questionado, precisa ver a prova", disse
Rogério Neres
A Secretaria da Segurança
Pública não se manifestou sobre o assunto.
(RP e AC)
Colaborou o "Agora"
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