São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2008

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Casal acertou ao falar à TV, dizem especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Advogados ouvidos pela Folha consideraram acertada a estratégia da defesa de Alexandre Nardoni e Anna Jatobá de colocar o casal em rede nacional de TV para negar participação na morte de Isabella.
O resultado da entrevista dada ao "Fantástico", da Rede Globo, foi criar uma dúvida a respeito da inocência do casal, avaliam esses advogados.
"Quanto mais dúvida se lançar, tanto mais difícil fica condená-los", afirmou o advogado Alberto Zacharias Toron. "É um caso que, sem a confissão, sempre terá a dúvida: será que não tinha mesmo uma terceira pessoa ali?", complementou.
Esse é o mesmo entendimento de Rui Celso Reali Fragoso. Para ele, a entrevista, aliada ao depoimento dado pelo casal sexta-feira, pode complicar uma decretação de prisão preventiva. "Isso reverte parte da opinião pública", disse ele.
Os advogados consideram a estratégia válida, diante da dimensão e das características especiais desse caso. "Embora juridicamente se possa dizer que eles pudessem permanecer em silêncio, de um ponto de vista de uma psicologia judiciária, de um ponto de vista da opinião pública, seria um suicídio [ficar em silêncio]", diz Toron.
Para Roberto Delmanto Júnior, o caminho escolhido pela defesa do casal Nardoni, de não recorrer ao direito de só falar em juízo, não seria o mesmo que ele adotaria. "Eu acho que certos casos a melhor estratégia é o silêncio. Se eu te respondo uma coisa, você me contesta. Mas, se eu fico em silêncio, cria-se um vazio", disse.
O advogado disse que não permitiria, por exemplo, que seu cliente prestasse um depoimento sabendo que a polícia poderia ter alguma prova "escondida na gaveta".
Para o desembargador Henrique Nelson Calandra, do Tribunal de Justiça de São Paulo, a entrevista do casal foi positiva porque serviu para que as pessoas pudessem ter acesso aos argumentos de defesa dos principais suspeitos pelo crime.
Os advogados de defesa do casal pretendem entrar hoje com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil apontando seis supostas irregularidades cometidas pela polícia durante a investigação.
Uma delas é a referência, durante o depoimento do casal na última sexta, a laudos que não estavam anexados ao inquérito.
"É uma irregularidade. O interrogado, quando questionado, precisa ver a prova", disse Rogério Neres
A Secretaria da Segurança Pública não se manifestou sobre o assunto. (RP e AC)


Colaborou o "Agora"


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