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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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SEGURANÇA

Idéia é cobrar 1% de empresas do setor para formar e manter a Força Nacional; projeto piloto começa no Rio

União estuda taxa para criar polícia de elite

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal estuda a criação de uma taxa, de 1%, sobre o mercado de segurança privada para financiar a criação e manutenção da Força Nacional, um órgão de combate ao crime organizado formado por policiais civis e militares de todo o país que será comandado pela Polícia Federal.
Até o fim da semana, o governo deve liberar R$ 12 milhões para a força de elite da PF que atua no Rio de Janeiro. O dinheiro vai custear diárias dos policiais deslocados de outros Estados e compra de equipamentos.
A FN deve começar a trabalhar em setembro deste ano, após três meses de experiência da força de elite do Rio de Janeiro. Isso porque a força de elite vai servir como piloto para o novo grupo que o Ministério da Justiça quer criar.
No Rio, serão 25 policiais federais e outros 25 profissionais das polícias Civil e Militar considerados confiáveis e bem-preparados. A ênfase do trabalho se dará na área de inteligência policial.
Com um balanço do trabalho realizado pela força de elite no Rio, a União quer iniciar a FN. A previsão é aproveitar cerca de 600 pessoas de todos os Estados. O grupo ficará sediado em Brasília e terá equipamentos de ponta.
A Folha apurou que já há diálogo com o Instituto Militar de Engenharia para o fornecimento de um pequeno avião não-tripulado de vigilância e com a Universidade Federal de Santa Catarina, que finaliza um equipamento de reconhecimento de voz.
O Ministério da Justiça também analisa a compra de microcâmeras e o uso de imagens geradas por satélite. Se tudo correr como prevê o governo, operações policiais em favelas ocorrerão de forma semelhante ao que se viu na movimentação de tropas anglo-americanas no Iraque.
Os policiais receberão imagens de satélite e utilizarão o avião não-tripulado para reconhecimento e obtenção de mais detalhes sobre o campo. Com as informações, os policiais poderão planejar as incursões com mais eficiência.
A idéia é manter a FN em operação durante três anos. O período combina com o fim do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, mas, segundo os técnicos, é uma questão de método. Nesse período a atuação do grupo pretende render resultados capazes de torná-lo menos necessário no futuro.
Pelas estimativas, o governo vai gastar R$ 64 milhões com a compra de equipamentos e outros R$ 36 milhões anuais em suplementação de salário para os policiais. Para que o benefício -de cerca de R$ 5.000 para a criação de um piso de R$ 10 mil- não seja incorporado ao salário, deverão ser oferecidas bolsas.
Segundo a Folha apurou, a equipe técnica da Secretaria Nacional de Segurança Pública leva em conta a possibilidade de taxar em 1% a comercialização de produtos de segurança privada, como blindagem de automóveis, vigilância eletrônica e proteção patrimonial. Segundo esses mesmos técnicos, no ano passado o setor movimentou R$ 11,5 bilhões apenas no eixo Rio-São Paulo. Não há estimativa independente.
Os recursos arrecadados com a eventual cobrança serviriam para custear a compra de equipamentos de última geração para o combate ao crime e pagamento de bolsas para policiais.
A idéia empolgou a cúpula da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Além da taxar o setor de segurança privada, o governo estuda outras alternativas para compor o orçamento da FN.


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