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Primeiras-damas controlam assistência em 24% das cidades
A prática, considerada ultrapassada, é verificada em todas as regiões do país
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A gestão municipal da assistência social no Brasil melhorou de 2005 para 2009, mas em
um quarto dos municípios ainda prevalece uma prática que se
considerava ultrapassada: nomear primeiras-damas para as
secretarias da área.
O dado consta da Pesquisa de
Informações Básicas Municipais de Assistência Social, divulgada ontem pelo IBGE.
A gerente da pesquisa, Vania
Pacheco, conta ter se surpreendido com o dado, especialmente porque o fato é verificado em
todas as regiões do país, e até
em municípios de médio e
grande porte.
"Não é algo restrito a municípios pequenos do Norte e Nordeste. Mesmo nas 40 cidades
com mais de 500 mil habitantes, encontramos sete casos de
primeiras-damas como gestoras da assistência social em
2009", disse a gerente.
Marcia Helena Lopes, ministra do Desenvolvimento Social,
diz que levantamento feito pelo
ministério em 2005 indicava
que a situação era muito pior,
com metade das secretarias entregues às primeiras-damas.
Segundo ela, a assistência social só passou a ser assumida
pelo Estado como política pública com a Constituição de
1988 e a Lei Orgânica de Assistência Social, de 1993.
"É um processo cultural, de
mudança de mentalidade. Era
comum a esposa do prefeito assumir este trabalho, e cada município fazia sua política da maneira que bem entendia, às vezes contando apenas com trabalho voluntário. Mas este quadro, felizmente, está mudando", afirmou a ministra.
Apesar de boa parte dos prefeitos ainda entregar a gestão
municipal a suas esposas, a pesquisa do IBGE mostra que de
2005 para 2009 houve uma
melhoria na escolaridade dos
secretários. O percentual dos
gestores com ao menos ensino
superior completo aumentou
de 52% para 59%.
Outro dado que indica melhoria é o que mostra que aumentou de 59% para 70% o
percentual de municípios que
dizem ter uma secretaria exclusiva para tratar da ações sociais.
A pesquisa investigou também a cobertura dos serviços
prestados pelos municípios no
setor: é ampla quando se trata
de ações básicas, como visitas
domiciliares (93% dos municípios), cadastro socioeconômico
das famílias (88%) ou atendimento psicossocial (81%).
Os percentuais ficam bem
menores quando se investiga a
existência de serviços que exigem alta complexidade, como
abrigar crianças e adolescentes
(25%), idosos (21%), população
de rua (5%) ou mulheres (3%)
que já perderam o vínculo com
a família e estão em situação de
grave risco social.
Porém, como a pesquisa não
investiga a demanda por esses
serviços em todos os municípios,
estimar a carência para esses
equipamentos não é possível.
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