São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Crise aérea é o "preço do sucesso", afirma Mantega

Ministro da Fazenda atribuiu atrasos em vôos à "prosperidade" da economia

Comentário recebeu críticas no Congresso; relator da CPI do Apagão Aéreo fez um apelo para que os ministros fiquem calados

FERNANDO NAKAGAWA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma semana depois de a ministra Marta Suplicy (Turismo) sugerir que passageiros afetados pela crise aérea deveriam "relaxar e gozar", foi a vez de o colega Guido Mantega (Fazenda) opinar sobre o caos nos aeroportos brasileiros. Principal autoridade da área econômica do governo, o ministro avalia que os repetidos atrasos dos vôos são reflexo "um pouco do preço do sucesso" e da "prosperidade" da economia brasileira.
Ao chegar ao ministério na manhã de ontem, enquanto os aeroportos ainda sofriam com a nova crise aérea do dia anterior, o ministro minimizou os problemas do setor. Mantega preferiu observar a situação de um ponto de vista positivo. "Há aumento do fluxo de tráfego [aéreo]. É a prosperidade do país, mais gente viajando, mais aviões nas rotas", afirmou.
Questionado sobre os atrasos de horas nos aeroportos, o ministro chegou a demonstrar irritação quando os jornalistas usaram o termo "caos". "Não há caos aéreo. Há um problema aéreo", respondeu.
Ironicamente, o ministro também sofreu os efeitos da crise aérea ontem. As audiências com os governadores Sérgio Cabral (Rio) e Aécio Neves (Minas Gerais) começaram uma hora e meia e duas horas e meia, respectivamente, após o programado. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, a causa foi o atraso nos vôos de Cabral e Aécio do Rio e Belo Horizonte para Brasília.

Crítica de aliados
Os comentários de Mantega provocaram reação no Congresso, até mesmo de aliados do governo. O relator da CPI do Apagão Aéreo, deputado Marco Maia (PT-RS), chegou a fazer um apelo público para que os ministros fiquem calados.
"Que bom seria se os ministros não dessem esse tipo de declaração. É melhor que fiquem calados porque, ao invés de ajudar, só atrapalham e aumentam o descrédito da população. Foi um comentário desnecessário, descabido e fora de propósito", disse Maia.
O deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) disse que o comentário de Mantega demonstra que o ministro "é maluco" e precisa ser internado num manicômio juntamente com o presidente da Anac, Milton Zuanazi, e a ministra Marta Suplicy (Turismo). "O presidente da Anac comparou os controladores a Bin Laden e a ministra recomendou aos passageiros que relaxem e não vou nem repetir o resto", afirmou.
Desta vez, no entanto, ninguém cogitou convocar o ministro para se explicar na CPI como foi sugerido quando a titular do Turismo deu a declaração polêmica.


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