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Crise aérea é o "preço do sucesso", afirma Mantega
Ministro da Fazenda atribuiu atrasos em vôos à "prosperidade" da economia
Comentário recebeu críticas no Congresso; relator da CPI do Apagão Aéreo fez um apelo para que os
ministros fiquem calados
FERNANDO NAKAGAWA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma semana depois de a ministra Marta Suplicy (Turismo)
sugerir que passageiros afetados pela crise aérea deveriam
"relaxar e gozar", foi a vez de o
colega Guido Mantega (Fazenda) opinar sobre o caos nos aeroportos brasileiros. Principal
autoridade da área econômica
do governo, o ministro avalia
que os repetidos atrasos dos
vôos são reflexo "um pouco do
preço do sucesso" e da "prosperidade" da economia brasileira.
Ao chegar ao ministério na
manhã de ontem, enquanto os
aeroportos ainda sofriam com a
nova crise aérea do dia anterior, o ministro minimizou os
problemas do setor. Mantega
preferiu observar a situação de
um ponto de vista positivo. "Há
aumento do fluxo de tráfego
[aéreo]. É a prosperidade do
país, mais gente viajando, mais
aviões nas rotas", afirmou.
Questionado sobre os atrasos
de horas nos aeroportos, o ministro chegou a demonstrar irritação quando os jornalistas
usaram o termo "caos". "Não há
caos aéreo. Há um problema
aéreo", respondeu.
Ironicamente, o ministro
também sofreu os efeitos da
crise aérea ontem. As audiências com os governadores Sérgio Cabral (Rio) e Aécio Neves
(Minas Gerais) começaram
uma hora e meia e duas horas e
meia, respectivamente, após o
programado. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, a causa foi o atraso nos vôos
de Cabral e Aécio do Rio e Belo
Horizonte para Brasília.
Crítica de aliados
Os comentários de Mantega
provocaram reação no Congresso, até mesmo de aliados do
governo. O relator da CPI do
Apagão Aéreo, deputado Marco
Maia (PT-RS), chegou a fazer
um apelo público para que os
ministros fiquem calados.
"Que bom seria se os ministros não dessem esse tipo de
declaração. É melhor que fiquem calados porque, ao invés
de ajudar, só atrapalham e aumentam o descrédito da população. Foi um comentário desnecessário, descabido e fora de
propósito", disse Maia.
O deputado Vic Pires Franco
(DEM-PA) disse que o comentário de Mantega demonstra
que o ministro "é maluco" e
precisa ser internado num manicômio juntamente com o
presidente da Anac, Milton
Zuanazi, e a ministra Marta Suplicy (Turismo). "O presidente
da Anac comparou os controladores a Bin Laden e a ministra
recomendou aos passageiros
que relaxem e não vou nem repetir o resto", afirmou.
Desta vez, no entanto, ninguém cogitou convocar o ministro para se explicar na CPI
como foi sugerido quando a titular do Turismo deu a declaração polêmica.
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