São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Estudantes da USP aprovam proposta de desocupar prédio

Alunos condicionaram saída, no entanto, à assinatura de documento pela reitora e à assembléia dos servidores hoje

Suely Vilela recuou e apresentou uma nova lista de ofertas, entre elas a garantia de não-punição; prazo para saída é às 16h


ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os estudantes que invadiram há 50 dias a reitoria da USP, na zona oeste, aprovaram ontem à noite, em assembléia, uma proposta apresentada em carta pela reitora da universidade, Suely Vilela, para desocupação do prédio até as 16h de hoje.
A proposta, que atende às reivindicações do movimento e estava condicionada à desocupação, foi apresentada na reunião por um grupo de professores que intermediou voluntariamente a negociação entre alunos e reitoria, suspensa desde o dia 4 -foi um recuo de Suely em relação à posição que apresentava desde a data, de que não negociaria enquanto eles não deixassem o prédio.
No documento, a reitoria se compromete a cumprir as ofertas feitas por ela anteriormente, como transporte e alimentação no campus nos fins de semana, ampliação das moradias estudantis e reforma de prédios da universidade.
Suely garantiu, na carta, que não haverá punições pelas manifestações de professores, alunos e servidores ligados à greve e à invasão. Mas deixou claro que serão feitas apurações sobre eventuais danos ou furtos do patrimônio da universidade e que as pessoas identificadas responderão por seus atos.
Outras duas concessões da reitora, que serão submetidas aos "órgãos competentes", como o Conselho Universitário, são a realização em 2008 de um congresso para estudar reformas no estatuto da USP e de uma audiência pública sobre a concessão de auxílio, como moradias e bolsas, aos estudantes.
Os alunos aprovaram a carta de Suely, mas condicionaram o fim da ocupação à assinatura do documento pela reitora e à sua aprovação também pelos servidores da USP, cuja assembléia está marcada para a manhã de hoje. A expectativa, segundo a Folha apurou com o Sintusp (sindicato da categoria), é que os servidores também votem pela desocupação.

Desgaste
Cerca de 300 pessoas participaram da assembléia dos estudantes ontem, que começou por volta das 19h -as reuniões do movimento já haviam reunido até 2.000 pessoas; a USP tem 80.589 alunos.
Houve momentos de tensão entre os que queriam a desocupação e os contrários a ela. Os primeiros argumentavam que o movimento foi vitorioso, conseguiu que a reitoria atendesse parcialmente aos pedidos, mas já sofre um desgaste acentuado.
O movimento começou a perder força há duas semanas, quando os professores da universidade decidiram encerram a greve de apoio ao protesto.
Na terça-feira da semana passada, alunos e servidores aprovaram o indicativo de desocupação e tentavam, sem sucesso, desde o dia 12, serem recebidos por Suely. Ela afirmava, no entanto, que só voltaria a negociar após a desocupação.
A proposta foi apresentada pela reitora um dia após a Polícia Militar entrar no campus da Unesp de Araraquara para cumprir uma ordem judicial de reintegração de posse de um prédio invadido por alunos. Segundo a Folha apurou, Suely ficou preocupada de que a PM se sentisse pressionada a fazer o mesmo em São Paulo.
Aliados do governador José Serra (PSDB) disseram à Folha que ele deixou nas mãos da reitora uma solução do problema ou que ela assumisse a frente numa ação policial, como o reitor da Unesp, Marcos Macari.
Na última semana, o movimento na USP já dava sinais de enfraquecimento, pelo número reduzido de participantes nas assembléias e pela troca de acusações entre alunos.


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