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Estudantes da USP aprovam proposta de desocupar prédio
Alunos condicionaram saída, no entanto, à assinatura de documento pela reitora e à assembléia dos servidores hoje
Suely Vilela recuou e
apresentou uma nova lista
de ofertas, entre elas a
garantia de não-punição;
prazo para
saída é às 16h
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os estudantes que invadiram
há 50 dias a reitoria da USP, na
zona oeste, aprovaram ontem à
noite, em assembléia, uma proposta apresentada em carta pela reitora da universidade,
Suely Vilela, para desocupação
do prédio até as 16h de hoje.
A proposta, que atende às reivindicações do movimento e
estava condicionada à desocupação, foi apresentada na reunião por um grupo de professores que intermediou voluntariamente a negociação entre
alunos e reitoria, suspensa desde o dia 4 -foi um recuo de
Suely em relação à posição que
apresentava desde a data, de
que não negociaria enquanto
eles não deixassem o prédio.
No documento, a reitoria se
compromete a cumprir as ofertas feitas por ela anteriormente, como transporte e alimentação no campus nos fins de semana, ampliação das moradias
estudantis e reforma de prédios
da universidade.
Suely garantiu, na carta, que
não haverá punições pelas manifestações de professores, alunos e servidores ligados à greve
e à invasão. Mas deixou claro
que serão feitas apurações sobre eventuais danos ou furtos
do patrimônio da universidade
e que as pessoas identificadas
responderão por seus atos.
Outras duas concessões da
reitora, que serão submetidas
aos "órgãos competentes", como o Conselho Universitário,
são a realização em 2008 de um
congresso para estudar reformas no estatuto da USP e de
uma audiência pública sobre a
concessão de auxílio, como moradias e bolsas, aos estudantes.
Os alunos aprovaram a carta
de Suely, mas condicionaram o
fim da ocupação à assinatura do
documento pela reitora e à sua
aprovação também pelos servidores da USP, cuja assembléia
está marcada para a manhã de
hoje. A expectativa, segundo a
Folha apurou com o Sintusp
(sindicato da categoria), é que
os servidores também votem
pela desocupação.
Desgaste
Cerca de 300 pessoas participaram da assembléia dos estudantes ontem, que começou
por volta das 19h -as reuniões
do movimento já haviam reunido até 2.000 pessoas; a USP
tem 80.589 alunos.
Houve momentos de tensão
entre os que queriam a desocupação e os contrários a ela. Os
primeiros argumentavam que
o movimento foi vitorioso, conseguiu que a reitoria atendesse
parcialmente aos pedidos, mas
já sofre um desgaste acentuado.
O movimento começou a
perder força há duas semanas,
quando os professores da universidade decidiram encerram
a greve de apoio ao protesto.
Na terça-feira da semana
passada, alunos e servidores
aprovaram o indicativo de desocupação e tentavam, sem sucesso, desde o dia 12, serem recebidos por Suely. Ela afirmava, no entanto, que só voltaria a
negociar após a desocupação.
A proposta foi apresentada
pela reitora um dia após a Polícia Militar entrar no campus da
Unesp de Araraquara para
cumprir uma ordem judicial de
reintegração de posse de um
prédio invadido por alunos. Segundo a Folha apurou, Suely ficou preocupada de que a PM se
sentisse pressionada a fazer o
mesmo em São Paulo.
Aliados do governador José
Serra (PSDB) disseram à Folha
que ele deixou nas mãos da reitora uma solução do problema
ou que ela assumisse a frente
numa ação policial, como o reitor da Unesp, Marcos Macari.
Na última semana, o movimento na USP já dava sinais de
enfraquecimento, pelo número
reduzido de participantes nas
assembléias e pela troca de
acusações entre alunos.
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