São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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São Paulo completa um mês sem chuva

Tempo seco aumenta concentração de poluentes no ar e causa problemas de saúde, como irritação nos olhos

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA

A cidade de São Paulo completa hoje um mês sem chuva. O tempo seco piora a poluição na capital e em outras cidades, como Campinas e Cubatão.
Com umidade do ar mínima de 27% ontem -e a mesma previsão para hoje e amanhã-, São Paulo está na faixa de umidade preocupante (abaixo dos 30%), segundo critério da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Segundo o meteorologista Marcelo Schneider, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), "é muito raro não chover durante o mês de julho todo". Desde 1943, isso só aconteceu três vezes, a última em 1985. Não fosse a previsão de chuva fraca em todo o Estado nesta quinta-feira, este poderia ser considerado o mês de julho mais seco dos últimos 23 anos.
O normal, segundo Schneider, é que haja 40 milímetros de chuva acumulada em julho. Em 2007, foram cerca de 150 milímetros. Neste ano, até hoje, foi de praticamente zero.
É por causa da falta de chuva e vento que a poluição se concentra, formando uma camada cinza em meio ao céu sem nuvens de São Paulo.
A última medição da qualidade do ar feita pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), considerou o ar da região metropolitana e das cidades de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Bauru e Campinas "regular". Em Cubatão industrial, o nível de poluentes era maior: o ar estava "inadequado" ontem.
A estiagem e a poluição provocam irritação nos olhos, entre outros problemas de saúde. Na clínica Hospital de Olhos, do doutor em oftalmologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Jorge Mitre, houve aumento de 30% nos atendimentos entre abril e junho.
O mesmo aumento foi verificado pelo médico Marcelo Netto, doutor pela USP e PhD em Ciências Visuais pela Universidade de Washington. "O clima seco influi diretamente na fisiologia dos olhos, agravando doenças oculares preexistentes e principalmente desencadeando sintomas como sensação de corpo estranho nos olhos, cansaço visual, coceira, vermelhidão, flutuação e borramento da visão", diz.
Segundo Clarice Muramoto, meteorologista da Cetesb, "a partir de sexta, depois da chuva, vai haver uma troca da massa atmosférica e melhorará bastante a qualidade do ar".

País
Municípios localizados em áreas de risco de queimadas no país estão sem chuva há dois meses. Ao todo, 42 cidades onde satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram focos de incêndio estão há, ao menos, 60 dias sem chuva.
O Sudeste e o Centro-Oeste concentram 36 dos municípios nas faixas de risco alto ou crítico. A classificação de risco considera temperatura, umidade, dias sem chuva e vegetação.
São Paulo lidera, com 11 cidades sem chuva há, ao menos, dois meses. Uma delas é Jaboticabal (341 km de SP), com 100% da área na faixa de risco crítico. Em 62 municípios do país não chove há 40 dias.


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