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Parque era o Ibirapuera do século passado
DA REPORTAGEM LOCAL
O Jardim da Luz foi o parque
Ibirapuera do século 19, exercendo a mesma função que esse espaço desempenha para os paulistanos atualmente, incluindo a programação musical.
Considerado o mais antigo parque de São Paulo, era inicialmente
o Jardim Botânico da cidade.
O local, que antes era um pedaço de mata, passou a ser público
em 1799. Mas a história do parque
é longa.
Em 1639, segundo o ensaio de
Clóvis de Athayde Jorge, "Luz,
Notícias e Reflexões" (Departamento do Patrimônio Histórico),
o conselheiro do imperador Sebastião Gil já proclamava a importância de se dar um fim à área.
Desses idos até a construção de
fato do Jardim Botânico foram
quase cem anos. O parque e seus
atrativos só se tornaram realidade
porque personalidades da época o
financiaram.
Em 1825, o Jardim da Luz se tornou o primeiro passeio público da
cidade. A partir daí, o parque funcionava como um espaço de lazer
do paulistano -durante décadas,
o predileto da população.
Mais do que um jardim botânico que reunia plantas raras ou coisas do tipo, o parque, de 113 mil
m2, era um jardim de plantas ornamentais.
Luz e abolição
Eram nos caminhos sinuosos
do Jardim da Luz que os fatos históricos da cidade de São Paulo
ocorriam.
Segundo historiadores, a primeira exibição pública da luz elétrica foi feita no local.
Os abolicionistas escolheram o
parque para fazer as quermesses
que recolhiam fundos. Eram conhecidas como Quermesses da
Abolição.
Com a centralização das ferrovias e com a inauguração do trecho Santos-Jundiaí, em 1867, o
Jardim da Luz virou o ponto central da cidade.
Na época, os imigrantes e seus
grupos de música eram as atrações principais dos fins-de-semana no parque.
Decadência
Os historiadores dizem que a
decadência do Jardim da Luz começou na década de 30.
Na época, o então prefeito Pires
do Rio mandou retirar os portões
e muros e ainda transferir os animais que ficavam no local para o
parque da Água Branca.
Com isso o parque começou a
ser frequentado por marginais e
tornou-se um ponto conhecido
de prostituição -situação que
perdura até hoje.
Antigos frequentadores e as famílias que passeavam pelo Jardim
da Luz aos domingos começaram
a abandoná-lo, preferindo se deslocar para outros espaços.
Desde então, o Jardim da Luz
não mereceu mais a atenção do
poder público.
A restauração da Pinacoteca do
Estado e a inauguração da Sala
São Paulo, na antiga estação ferroviária Júlio Prestes, iniciaram
um movimento de valorização da
Luz. Consequentemente, o parque voltou a chamar a atenção.
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