São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2000


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Parque era o Ibirapuera do século passado

DA REPORTAGEM LOCAL

O Jardim da Luz foi o parque Ibirapuera do século 19, exercendo a mesma função que esse espaço desempenha para os paulistanos atualmente, incluindo a programação musical.
Considerado o mais antigo parque de São Paulo, era inicialmente o Jardim Botânico da cidade.
O local, que antes era um pedaço de mata, passou a ser público em 1799. Mas a história do parque é longa.
Em 1639, segundo o ensaio de Clóvis de Athayde Jorge, "Luz, Notícias e Reflexões" (Departamento do Patrimônio Histórico), o conselheiro do imperador Sebastião Gil já proclamava a importância de se dar um fim à área.
Desses idos até a construção de fato do Jardim Botânico foram quase cem anos. O parque e seus atrativos só se tornaram realidade porque personalidades da época o financiaram.
Em 1825, o Jardim da Luz se tornou o primeiro passeio público da cidade. A partir daí, o parque funcionava como um espaço de lazer do paulistano -durante décadas, o predileto da população.
Mais do que um jardim botânico que reunia plantas raras ou coisas do tipo, o parque, de 113 mil m2, era um jardim de plantas ornamentais.

Luz e abolição
Eram nos caminhos sinuosos do Jardim da Luz que os fatos históricos da cidade de São Paulo ocorriam.
Segundo historiadores, a primeira exibição pública da luz elétrica foi feita no local.
Os abolicionistas escolheram o parque para fazer as quermesses que recolhiam fundos. Eram conhecidas como Quermesses da Abolição.
Com a centralização das ferrovias e com a inauguração do trecho Santos-Jundiaí, em 1867, o Jardim da Luz virou o ponto central da cidade.
Na época, os imigrantes e seus grupos de música eram as atrações principais dos fins-de-semana no parque.

Decadência
Os historiadores dizem que a decadência do Jardim da Luz começou na década de 30.
Na época, o então prefeito Pires do Rio mandou retirar os portões e muros e ainda transferir os animais que ficavam no local para o parque da Água Branca.
Com isso o parque começou a ser frequentado por marginais e tornou-se um ponto conhecido de prostituição -situação que perdura até hoje.
Antigos frequentadores e as famílias que passeavam pelo Jardim da Luz aos domingos começaram a abandoná-lo, preferindo se deslocar para outros espaços.
Desde então, o Jardim da Luz não mereceu mais a atenção do poder público.
A restauração da Pinacoteca do Estado e a inauguração da Sala São Paulo, na antiga estação ferroviária Júlio Prestes, iniciaram um movimento de valorização da Luz. Consequentemente, o parque voltou a chamar a atenção.



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