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ADMINISTRAÇÃO
Escolta de seguranças é financiada há dois meses por empresários de ônibus; prefeitura vai assumir despesa
Guarda privada protege fiscais de perueiros
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresários de ônibus pagam
há mais de dois meses uma escolta armada para acompanhar as
blitze contra as lotações irregulares em São Paulo. A presença das
equipes de segurança privada na
repreensão às lotações vai ser oficializada nos próximos dias pela
administração Marta Suplicy, que
assumirá as despesas do serviço.
A SPTrans, órgão municipal
responsável pelo transporte coletivo, diz que decidiu aderir à contratação de uma empresa particular por falta de efetivo da Polícia
Militar e da Guarda Civil Metropolitana para essa atividade.
A escolta armada tem a função
de proteger os fiscais contra as
agressões dos motoristas apreendidos, segundo a SPTrans. Os perueiros, porém, afirmam que os
funcionários da empresa Plenum
participam das abordagens.
"Eles chegam com arma em punho. É pior do que a Rota, parece
um assalto", diz Francisco de Mola Neto, presidente de uma cooperativa de donos de lotação.
A acusação motivou anteontem
a abertura de um inquérito policial no 28º DP para averiguar a
"usurpação da função pública"
pela Plenum. O delegado Renato
de Almeida Pereira decidiu registrar um boletim de ocorrência para averiguação após uma denúncia feita por PMs de que as equipes da empresa privada atuavam
em um blitz na Freguesia do Ó, na
zona norte de São Paulo.
O coordenador da Plenum, Júlio Cesar da Silva, nega as acusações. "Não temos poder de polícia. A nossa escolta apenas protege os fiscais", afirma.
A diretora operacional da
SPTrans, Maria Olívia Aroucha,
diz que não participou da escolha
da Plenum, mas que a denúncia
será investigada. "A gente está
averiguando internamente. Se
existe, não vai existir. É irregular,
é contra a nossa orientação. Eles
não podem fazer a abordagem.
Estão ali só para garantir a integridade do fiscal", afirma.
A SPTrans diz que as viações
que bancaram a iniciativa são dos
consórcios Norte, controlado pelo empresário Belarmino Marta, e
Bandeirante, que tem como líder
a empresa independente Santa
Brígida, de Luís Saraiva. Eles foram procurados pela Folha, mas
não se manifestaram.
Os nove grupos da Plenum, que
trabalham de terno e gravata,
dentro de veículos Blazer, somam
27 funcionários -ou seja, 13% do
efetivo de agentes da SPTrans.
Eles já começaram a atuar em
Santana (zona norte) e na Lapa
(oeste), regiões onde os perueiros
fazem concorrência aos consórcios Norte e Bandeirante. O próximo alvo é Itaquera (leste).
Maria Olívia diz que a presença
da escolta não foi formalizada pela SPTrans porque era apenas um
projeto-piloto. "Foi uma experiência que deu certo. A idéia é
otimizar e trazer toda a responsabilidade para nós", afirma. Segundo ela, nenhum fiscal foi agredido
após a contratação da Plenum.
A diretora da SPTrans admite
que essa função deveria ser feita
pela PM e pela GCM. "Mas elas
têm dificuldade, têm que combater outras coisas." Segundo ela, a
GCM disponibiliza 76 homens
para a fiscalização e a PM, 70.
Maria Olívia afirma que, inicialmente, a SPTrans lançará uma licitação para contratar apenas
quatro equipes -com três seguranças cada. O órgão ainda não
tem estimativa de quanto a escolta armada custará à prefeitura.
Segurança
A decisão de pagar uma empresa de segurança privada foi tomada um mês depois da criação da
Secretaria Municipal da Segurança Urbana, que cuida da GCM.
A quantidade de equipes particulares que a SPTrans vai contratar representaria um desfalque de
0,2% no atual efetivo de 5.106 homens da GCM, que ainda está tentando contratar mais 1.500.
O titular da nova secretaria, Benedito Domingos Mariano, informou, por meio de sua assessoria,
que não vê problemas na intenção
da SPTrans. Ele afirma que as
prioridades da GCM são as escolas e os parques públicos.
A disputa entre prefeitura e Estado para que mais PMs participem das blitze da SPTrans acontece desde a gestão Celso Pitta e já
foi motivo de bate-boca entre
Marta Suplicy e Geraldo Alckmin.
O secretário Saulo de Castro
Abreu Filho (Segurança Pública)
já sugeriu que a escolta dos fiscais
da SPTrans fosse reforçada por
policiais militares que fazem a
guarda do gabinete da prefeita.
As discussões sobre um reforço
nas blitze contra os perueiros ganharam força principalmente
após a morte de três agentes que
transportavam uma lotação
apreendida, em fevereiro.
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