São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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POLÍCIA FORA DA LEI

Delegados dizem que foram convocados

Promotoria investiga uso de carro da polícia em ato pró-secretário

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público de São Paulo abriu investigação ontem para a apurar o uso de carros da Polícia Civil e a participação de policiais em horário de trabalho no ato de anteontem na Assembléia Legislativa em que entidades de direitos humanos pediram o afastamento do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, por causa da apuração em andamento sobre irregularidades no serviço de inteligência da Polícia Militar.
A presença de delegados e investigadores desarticulou o ato, convocado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia há uma semana, para pedir ""apuração séria" sobre as ações suspeitas do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância), que usou presos infiltrados em quadrilhas, à margem da lei, suspeito de tortura, abuso de autoridade e homicídio.
Os manifestantes pró-Abreu Filho, na maioria policiais civis, lotaram o auditório, com 330 lugares, onde ocorreria a manifestação. Quando as entidades de direitos humanos chegaram, não havia mais lugares. Houve vaias durante a tentativa de dividir o plenário, até que o lugar do encontro foi mudado. Segundo o Ministério Público, o procedimento irá apurar se houve irregularidade administrativa prevista na Lei de Improbidade. ""Pelo uso de carros e pela mobilização de policiais que deveriam estar trabalhando", disse o promotor Sílvio Marques, da Cidadania.
A Folha localizou 19 veículos da Polícia Civil estacionados do lado de fora da Assembléia, um deles de Santos. Estiveram presentes no ato ao menos dois integrantes do Conselho de Polícia Civil, órgão máximo da corporação, que manifestou apoio por escrito ao secretário na semana passada.
O promotor irá pedir esta semana informações sobre os veículos usados e funcionários que foram ao encontro à Secretaria da Segurança Pública, Delegacia Geral da Polícia Civil e Comissão de Direitos Humanos da Assembléia.
Dois delegados ouvidos anteontem pela Folha, durante o ato na Assembléia, disseram ter sido convocados por superiores para dar apoio ao secretário.
Ontem, a Secretaria da Segurança, por meio de sua assessoria, informou que não se manifestaria sem o início do procedimento da Promotoria. (ALESSANDRO SILVA)


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