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ADMINISTRAÇÃO
Além deles, 8 ex-diretores da Anhembi e os ex-vereadores Jorge Taba e Vicente Viscome são acusados
Promotoria denuncia 138 "ex-fantasmas"
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor José Carlos Blat, do
Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), ofereceu denúncias à
Justiça contra 138 pessoas acusadas de terem sido funcionários-fantasmas da Anhembi Turismo
durante as gestões dos ex-prefeitos Paulo Maluf (1993-1996) e Celso Pitta (1997-2000).
Todas essas pessoas são acusadas da prática do crime de peculato (apropriação de dinheiro público), punível com multa e penas
de 2 a 12 anos de reclusão. Sob a
mesma acusação, foram denunciados os ex-vereadores Jorge Taba e Vicente Viscome.
Também foram oferecidas denúncias contra oito ex-diretores
da Anhembi Turismo, acusados
de formação de quadrilha, e três
ex-chefes do Departamento de
Recursos Humanos da empresa,
que é controlada pelo município
de São Paulo. Eles são acusados de
peculato e formação de quadrilha.
Caso sejam recebidas pela Justiça, as denúncias -que foram
apresentadas na semana passada
e divulgadas apenas ontem- darão origem a oito processos penais contra os acusados.
Cabide de empregos
As investigações sobre a
Anhembi Turismo, iniciadas há
quatro anos pelo Gaeco e pela Polícia Civil de São Paulo, revelaram
que cerca de 20 mil pessoas foram
contratadas sem concurso pela
empresa durante as gestões de
Maluf e de Pitta. Ainda no final do
governo Pitta, mais de 1.100 funcionários foram afastados, sob
suspeita de irregularidades.
Segundo o Gaeco, as nomeações
na Anhembi Turismo eram feitas
mediante indicações políticas de
vereadores da base governista, de
deputados, de secretários municipais e até dos ex-prefeitos.
"Muito embora seja imoral, a
indicação política infelizmente
não é crime no nosso país", afirma Blat para justificar o fato de as
pessoas que fizeram as indicações
não terem sido processadas.
Parte das pessoas nomeadas
sem concurso, segundo apurou a
investigação, recebiam a orientação de comparecer uma vez por
mês na sede da Anhembi Turismo, apenas para assinar o livro de
registro de ponto. "A empresa
não verificava a capacitação técnica nem a formação dos nomeados", disse o promotor.
"Fantasmas"
Depois de colher mais de 1.500
depoimentos, a investigação chegou ao nome de 138 pessoas que,
segundo o Gaeco, teriam recebido
os salários sem trabalhar.
Segundo Blat, foi feita uma pesquisa por amostragem, pois não
havia como verificar minuciosamente cada caso suspeito.
Vários dos acusados admitiram
em depoimento que não trabalhavam, disseram os nomes dos
políticos que os indicaram e confessaram ter recebido a orientação para comparecer à empresa
apenas uma vez por mês.
Os dois ex-vereadores foram
acusados porque, segundo o Gaeco, ficavam com parte dos salários
das pessoas que haviam indicado
para receber da empresa.
O Gaeco estima que os funcionários-fantasmas tenham recebido cerca de US$ 4 milhões (R$ 12
milhões) em salários sem trabalhar. Apenas em 1998, a Prefeitura
de São Paulo repassou para a
Anhembi cerca de R$ 16 milhões
para pagar salários deles.
O Gaeco pediu nas ações que a
Justiça remeta cópias dos casos
para a Procuradoria Geral do Município a fim de que sejam tomadas medidas para recuperar o dinheiro público desviado.
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