São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CANDELÁRIA PAULISTA

Homem perdeu um dos dedos do pé; para OAB, politizar a chacina em SP pode ameaçar a investigação

Bomba fere morador de rua em novo ataque

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois dias após o maior ataque contra moradores de rua já registrado em São Paulo, um novo caso de agressão aconteceu em Itaquera, na zona leste da capital. Um homem foi vítima, possivelmente, de uma bomba de fabricação caseira, segundo o Hospital Municipal Professor Valdomiro de Paula, onde ele está internado.
O homem perdeu um dos dedos do pé esquerdo e corre risco ter amputado outros dois. De acordo com o plantão administrativo do hospital, ele deu entrada ontem, às 17h54, com fratura exposta e já sem o quinto dedo do pé. Embora consciente, ele não chegou a se identificar nem a dizer a idade.
O morador foi atendido no centro cirúrgico do hospital em Itaquera e estava em recuperação até o fechamento desta edição. Ele não corre risco de morte.

Alerta da OAB
A troca de acusações entre o governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo relacionadas ao ataque a pelo menos dez moradores de rua no centro da cidade, na última quinta-feira, pode comprometer o andamento das investigações.
O alerta foi feito pelo representante da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Hédio Silva Júnior, da Comissão de Direitos Humanos da entidade, que vem acompanhando as investigações.
"O posicionamento da OAB é o de advertir a sociedade para os riscos de uma possível politização do fato, até por respeito aos mortos. Isso pode vir a comprometer a apuração", disse Silva Júnior.
Segundo ele, interesses eleitorais não devem se sobrepor ao critério técnico das investigações.
Após o ataque em série, em que quatro homens morreram, a administração Marta Suplicy (PT) divulgou nota com críticas à ação do Estado, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin, na área de segurança. Já o secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, disse que os albergues, que são responsabilidade municipal, são insuficientes.
Para Silva Júnior, a prefeitura dispõe de informações substanciais devido ao trabalho dos agentes da Secretaria de Assistência Social com a população de rua.
Ele disse que as informações até agora não permitem descartar nenhuma hipótese quanto à autoria.
As três principais linhas de investigação da polícia são: briga entre os próprios moradores de rua, ação de grupos organizados e movimento financiado por comerciantes da área. A Associação Comercial de São Paulo classificou essa hipótese de "absurda".


Texto Anterior: Candelária paulista: Politizar caso ameaça investigação, diz OAB
Próximo Texto: Visitas tentam identificar vítimas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.