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Procuradoria vai investigar uso de falso documento
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal vai investigar nas áreas
cível e criminal a utilização
de um documento com falsas
normas de segurança, usado
pela diretora da Anac, Denise
Abreu, para liberar na Justiça a pista de Congonhas.
Denise diz que o documento foi entregue em meio
a outros papéis e que seu teor
não foi tratado especificamente com a Justiça.
Se estivessem de fato em
vigor, as normas poderiam
ter evitado o acidente com o
avião da TAM que matou 199
pessoas, já que impediam o
pouso com o reversor defeituoso em pista molhada.
Os pedidos de investigação
devem ser apresentados ainda hoje. Na área cível, será
apurado se houve improbidade administrativa pelos
funcionários da Anac. Se
houve, os culpados são passíveis de sanções como multas,
perda de função ou cargo público, mas não há prisão.
Isso pode acontecer na
área criminal. Há dúvidas,
porém, sobre qual crime foi
supostamente praticado. De
acordo com a procuradora
Luiza Cristina Fonseca Frischeisen, só após a investigação poderá se definido o tipo
de irregularidade praticada.
Especialistas ouvidos pela
Folha, falando em tese, também divergem. Para o presidente APDCrim (Academia
Paulista de Direito Criminal), Romualdo Sanches Calvo Filho, 46, a apresentação
do documento pela Anac pode configurar falsidade material porque todo documento era falso (reclusão de dois
a seis anos, mais multa).
Para o advogado Luiz Flávio Gomes, 50, trata-se de
falsidade ideológica porque
apenas o teor era falso (reclusão de um a cinco anos e
multa). Nos dois casos, há a
necessidade de se provar a
intenção dos réus em enganar a Justiça. O funcionário
público tem a pena elevada.
(ROGÉRIO PAGNAN)
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