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Exigências de pai para adotar criança diminuem em SP
Total de pretendentes que colocavam cor branca como essencial caiu de 49% para 38%
Pesquisa feita pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional de São Paulo mostra a evolução entre
os anos de 2005 e 2007
Patricia Stavis/Folha Imagem
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Maria Luiza e João Cardillo com o filho Felipe, adotado há 17 anos
THIAGO REIS
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
Pais que pretendem adotar
crianças no Estado de São Paulo já não fazem tanta questão de
o filho ser recém-nascido ou de
uma determinada cor. Também não se importam, tanto
quanto antes, se ele tiver deficiência física leve ou quiser ser
adotado com o irmão.
É o que mostra pesquisa feita
pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional
de São Paulo. O estudo comparou, pela primeira vez, o perfil
dos pretendentes à adoção no
Estado nos últimos três anos.
Segundo os dados, o percentual de pretendentes que colocavam a cor branca da criança
como essencial para a adoção
caiu de 49% para 31% de 2005 a
2007. E o número de pessoas
para quem a cor é indiferente
aumentou: eram 424 candidatos a pais (21%) em 2005, e 674
(28%) no ano passado.
Os dados foram colhidos pela
comissão da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo com
as Varas da Infância e da Juventude da capital e do interior.
Para as autoras da pesquisa, a
assistente social Clarinda Frias
e a psicóloga Silvia Penha, a
evolução é perceptível nos números. "O trabalho de esclarecimento pelas varas e pelos
grupos de apoio deu resultado.
É preciso mudar essa cultura
de ter uma criança imaginada,
idealizada e perceber que há
uma criança real", disse Frias.
O juiz Reinaldo Cintra, da
Coordenadoria da Infância e
Juventude do Tribunal de Justiça, disse concordar com Frias.
"As mulheres ficam na fila e
vêem que aquela criança loira
de olhos azuis não existe. Aí
reavaliam o sonho e começam a
derrubar mitos."
Nos primeiros seis meses
deste ano, foram feitas 2.455
adoções (por brasileiros e estrangeiros) em São Paulo.
O estudo aponta aumento da
procura por adoções e traça um
perfil dos pretendentes. Os
candidatos são, em sua maioria,
brancos, de 31 a 40 anos, casados, sem filhos, com ensino superior e renda média de
R$ 3.000. A pesquisa revela
ainda que a restrição a irmãos é
menor hoje em dia. Antes, apenas 508 (25%) diziam aceitá-los. Agora, são 790 (33%).
A idade também já não é fator preponderante na escolha.
Em 2005, 44% só queriam filhos até um ano de idade -em
2007, o índice caiu para 31%.
"As pessoas estão superando
aquela idéia de que adoção tem
que ser uma mera reprodução
do que a biologia negou. Não vai
reproduzir o nariz da família
nem o gênio dos ancestrais. A
adoção é um amor pelo outro, e
as pessoas estão descobrindo
como é prazeroso amar alguém
que não se parece com você",
disse o promotor Sávio Bittencourt, presidente da Angaad
(Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção).
Um ponto que permanece
inalterado com o passar dos
anos, de acordo com a pesquisa,
é a preferência exclusiva por
meninas, citada por 31% dos
candidatos, contra 8% que disseram preferir só meninos.
Já o preconceito contra problemas físicos e psicológicos leves
(tratáveis) caiu mais de dez
pontos percentuais.
Projeto
Anteontem, a Câmara dos
Deputados aprovou projeto de
lei com novas regras para adoção, como o direito de filhos
adotivos conhecerem o nome
de seus pais biológicos. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Senado e sancionada
pelo presidente da República.
Um dos dispositivos do projeto estabelece que o tempo
máximo de permanência da
criança em abrigo seja de dois
anos. Na capital paulista, entretanto, de 30% a 40% dos acolhidos já vivem em abrigos mais
tempo que esse limite. São Paulo acolhe hoje 1.947 crianças
em abrigos, 30% delas em condições de serem adotadas.
A capital possui hoje 89 abrigos para crianças e adolescentes, segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Eles reúnem de casos de filhos em conflito com os pais ou vítimas de
violência até bebês abandonados pelas mães.
Colaborou JULIANA COISSI, em São Paulo
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