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Casal branco que adotou negro diz ter enfrentado preconceito
DA AGÊNCIA FOLHA
Há 17 anos, dois meninos foram abandonados logo após o
nascimento. Um era negro e o
outro era branco, e os dois estavam prestes a serem levados a
um abrigo. Foi quando o casal
Maria Luiza, 64 e João Cardillo,
63, os dois brancos, já com duas
filhas adultas, resolveu ficar
com um deles.
Diferentemente da maioria
das pessoas que desejam adotar
uma criança no Estado, não
pensaram duas vezes: ficaram
com o negro. E deram a ele o
nome de Felipe.
"Os olhinhos dele me encantaram", conta Maria Luiza.
"Quando fui falar com o juiz,
ele perguntou por que queria
adotar uma criança já com duas
filhas criadas. Respondi: "Não
quero adotar uma criança, eu
quero adotar essa criança.'"
O pai conta, no entanto, que
houve resistência à adoção até
dentro de sua família.
Maria Luiza diz que foi vítima de preconceito pela diferença de cor e pela idade. "Eu e
meu marido já éramos velhos.
Então a gente ia ao supermercado e quando ele me chamava
de mãe ficava todo mundo
olhando", diz. "Nunca liguei.
Não vejo diferença dele para as
meninas. O amor é o mesmo."
Felipe, 17, diz lembrar do
momento, quando tinha cinco
anos, da confirmação de que
era adotado. "Um dia chamei
minha mãe e perguntei por que
não tinha a mesma cor das minhas irmãs. Ela me explicou tudo e disse que era minha mãe
do coração", afirma ele, que diz
ter encarado tudo com "muita
tranqüilidade".
Para o pai, a experiência "valeu a pena". "Ele é uma pessoa
ótima, inteligente e tem um belo futuro pela frente", diz sobre
o filho, que está no terceiro ano
do ensino médio, toca em um
conjunto de pagode e ainda não
sabe que carreira seguir.
(CA e TR)
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