São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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Casal branco que adotou negro diz ter enfrentado preconceito

DA AGÊNCIA FOLHA

Há 17 anos, dois meninos foram abandonados logo após o nascimento. Um era negro e o outro era branco, e os dois estavam prestes a serem levados a um abrigo. Foi quando o casal Maria Luiza, 64 e João Cardillo, 63, os dois brancos, já com duas filhas adultas, resolveu ficar com um deles.
Diferentemente da maioria das pessoas que desejam adotar uma criança no Estado, não pensaram duas vezes: ficaram com o negro. E deram a ele o nome de Felipe.
"Os olhinhos dele me encantaram", conta Maria Luiza. "Quando fui falar com o juiz, ele perguntou por que queria adotar uma criança já com duas filhas criadas. Respondi: "Não quero adotar uma criança, eu quero adotar essa criança.'"
O pai conta, no entanto, que houve resistência à adoção até dentro de sua família.
Maria Luiza diz que foi vítima de preconceito pela diferença de cor e pela idade. "Eu e meu marido já éramos velhos. Então a gente ia ao supermercado e quando ele me chamava de mãe ficava todo mundo olhando", diz. "Nunca liguei. Não vejo diferença dele para as meninas. O amor é o mesmo."
Felipe, 17, diz lembrar do momento, quando tinha cinco anos, da confirmação de que era adotado. "Um dia chamei minha mãe e perguntei por que não tinha a mesma cor das minhas irmãs. Ela me explicou tudo e disse que era minha mãe do coração", afirma ele, que diz ter encarado tudo com "muita tranqüilidade".
Para o pai, a experiência "valeu a pena". "Ele é uma pessoa ótima, inteligente e tem um belo futuro pela frente", diz sobre o filho, que está no terceiro ano do ensino médio, toca em um conjunto de pagode e ainda não sabe que carreira seguir. (CA e TR)


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