São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004 |
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CRIME ELETRÔNICO Em um computador apreendido, havia 200 mil números de telefones; grupo tinha atuação internacional Quadrilha que clonava celulares é presa
MARI TORTATO DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA A Polícia Civil do Paraná anunciou a prisão de cinco integrantes de uma quadrilha internacional de clonagem de celulares que pode ter os Estados Unidos como base. Os suspeitos foram presos em Campinas (SP), na semana passada, mas a operação só foi divulgada ontem. Também foram desmontadas quatro centrais clandestinas usadas pelos fraudadores. Um dos computadores apreendidos com a quadrilha contém uma lista de 200 mil celulares clonados. O delegado-chefe do Cope (Centro de Operações Policiais Especiais, responsável pelo serviço de inteligência da polícia do Paraná), Marcus Vinícius Michelotto, disse que, a partir das prisões em Campinas, o FBI (polícia federal dos EUA) foi informado. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Polícia Federal também foram acionados. Michelotto disse que as linhas clonadas foram disponibilizadas pelo esquema para vários países e que também operavam no Brasil. O FBI será acionado, segundo ele, em razão de o "cabeça" do esquema ser, provavelmente, o proprietário de empresa de telecomunicações dos Estados Unidos. "Não sabemos o nome da empresa ainda, apenas que a quadrilha no Brasil trabalhava para um tal Michael Gery, de nacionalidade canadense, mas de origem libanesa", afirmou o delegado. Ele disse acreditar que a maioria dos clientes da empresa seja formada por "usuários de boa fé". Em papéis que a polícia recolheu, há registros de ligações para Rússia, Polônia, Cazaquistão, Líbano, Kuait, Estados Unidos, Argentina e Bolívia, entre outros lugares. No Brasil, segundo a polícia, a quadrilha era comandada por um homem de 47 anos, que foi preso. Ele tem documentos de identidade do Paraná e do Espírito Santo -a polícia, porém, disse suspeitar que seja libanês. O suspeito já tinha sido condenado por crime contra sistemas de telefonia em Guarapuava (PR), mas fugiu. Sua ficha está sendo levantada. A fraude rendia ao líder US$ 8.000 (R$ 24 mil) por semana, em média, segundo o delegado Michelotto. Com ele, a polícia encontrou tíquetes de vôos da Air France de São Paulo para Paris e de Paris para Moscou, de maio. Também foram presos um vietnamita e três brasileiros. Nas centrais clandestinas, a polícia recolheu 140 celulares clonados. Para o golpe, o grupo instalava "radares" telefônicos em pontos próximos de aeroportos, em São Paulo. Os aparelhos "sugavam" a linha e o códigos de série dos aparelhos de usuários que não faziam a adaptação recomendada por sua operadora, no desembarque. A clonagem só era descoberta quando a vítima recebia as contas, sempre elevadas e contendo chamadas internacionais. As operadoras arcaram com os prejuízos. Segundo o delegado Michelotto, os acusados admitiram o esquema. Eles não quiserem conversar com a reportagem. Só analógicos As três maiores operadoras de telefonia celular no Brasil -Vivo, Claro e Tim- dizem possuir sistemas que detectam a clonagem de seus celulares na maior parte das ocorrências. Questionadas sobre prejuízos, nenhuma delas forneceu dados. Segundo as operadoras, a clonagem ocorre apenas em telefones operando em modo analógico, que usam as tecnologias CDMA e TDMA. Com GSM, em que o telefone sempre funciona em modo digital, não há registro de caso. Texto Anterior: Crime em série: Encontrado no interior corpo de pedreiro Próximo Texto: Alerta de empresa motivou investigação Índice |
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