São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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Crescem casos de crianças que se ferem em parquinhos

Atendimentos leves no HC de SP aumentaram 65%

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO

Local de diversão e desenvolvimento das crianças, os parquinhos têm feito cada vez mais vítimas. Levantamento do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo indica que, em cinco anos, o número de atendimentos por traumas leves em crianças entre 0 e 5 anos aumentou 65%.
Em geral, os jovens sofrem lesões como cortes e raspões. Casos graves, como a morte de duas crianças em Curitiba, são raros. Mesmo assim, pediatras têm preocupação com a falta de segurança e de leis sobre os brinquedos de parquinhos, playgrounds e bufês infantis.
No HC, foram feitos 585 atendimentos de traumas leves em 2000. Cinco anos depois, o foram 965 -os traumas leves são, principalmente, acidentes em cozinhas e parquinhos.
Não há dados gerais sobre lesões em parquinhos no país. Mas especialistas afirmam que o aumento no HC ilustra uma realidade diária.
Para eles, há duas explicações para esse aumento: a sofisticação e a conseqüente maior "potência" de alguns brinquedos e a maior oferta deles.
"Quase todas as famílias de melhores condições hoje fazem festas em bufês. E quase todos os novos condomínios colocam playgrounds. As crianças estão usando mais esses brinquedos", disse a professora de enfermagem pediátrica da Universidade Federal de São Paulo Maria Harada.
"Hoje em dia há brinquedos que antes não existiam, como a cama elástica", diz a pediatra Regina Maria Rodrigues, uma das autoras do estudo do HC.
Mas o perigo não está só nos novos equipamentos. David Sztajnbok, 3, por exemplo, brincava em um escorregador há três meses, quando, em um descuido da mãe, Clarice, caiu de dois metros. Ficou todo vermelho e chorou muito. A cena desesperou a mãe. "Foi descuido da mãe, ela sabe", diz o pai, o pediatra Sergio Sztajnbok.
A avaliação de Sergio é reforçada por especialistas -para eles, a supervisão dos pais é o fator mais importante para evitar pequenas lesões nas crianças. Eles ressaltam, porém, que os brinquedos são importantes para o desenvolvimento das crianças (leia mais ao lado).
O setor de brinquedos de parquinhos e bufês não possui uma normatização de qualidade. Existem apenas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas para fabricantes de brinquedos para playgrounds, mas não são obrigatórias. Elas abrangem equipamentos fixos como o balanço.
"Como envolve segurança, deveria haver normas obrigatórias", diz a coordenadora da ONG Criança Segura, Luciana O'Reilly.


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