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ADMINISTRAÇÃO
Ação pede restituição de valor gasto com anúncios sobre precatórios; prefeito nega culpa e já recorreu
Pitta é condenado a devolver R$ 1,75 mi
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O prefeito de São Paulo, Celso
Pitta (PTN), foi condenado a devolver R$ 1,75 milhão aos cofres
públicos por utilizar irregularmente verba municipal em campanhas publicitárias.
A decisão se refere a notas de esclarecimento publicadas em três
jornais de São Paulo -em 27 de
março e 4 de abril de 97-, com a
defesa do prefeito em relação às
denúncias feitas pela CPI dos Precatórios (dívidas judiciais).
A sentença, proferida pela Comarca da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo no final de julho, foi divulgada ontem pelo Ministério Público da Cidadania.
A condenação é em primeira
instância e o prefeito já entrou
com recurso no Tribunal de Justiça, onde a questão será julgada
em segunda instância.
A juíza Cynthia Thomé, que
proferiu a sentença, entendeu que
a verba gasta nos dois dias de publicação, cerca de R$ 396 mil na
época, foi desnecessária e de caráter pessoal.
Em sua sentença, ela defende
que Pitta praticou ato de improbidade administrativa (mau uso das
funções públicas), que resultou
em abuso de poder e enriquecimento ilícito.
Um dos pontos ressaltados na
sentença é o caráter pessoal da
nota de esclarecimento, a qual
alegava que a CPI estava prejudicando a imagem do prefeito.
Por considerar o procedimento
irregular, Cynthia condenou o
prefeito a restituir o valor pago
pelas publicações e a pagar uma
multa equivalente a três vezes o
valor do dano.
A juíza, em sua sentença, não
aceitou o pedido do Ministério
Público de condenar Pitta à perda
do mandato e à inelegibilidade.
Essa condenação é a terceira
ação civil pública contra Pitta
com a mesma alegação -uso indevido de verba municipal para
promoção pessoal.
Na primeira ação ação civil pública, de 97, o prefeito também foi
condenado e teve seu bens indisponíveis. A segunda ação, com o
mesmo teor, ainda está tramitando na Justiça.
De acordo com o Ministério Público da Cidadania, a promotoria
vai enviar um pedido ao Tribunal
de Justiça solicitando a manutenção do valor a ser restituído e vai
pedir novamente a perda do cargo e a inelegibilidade do prefeito,
como prevê a lei de improbidade
administrativa.
A promotoria da cidadania tem
até a próxima semana para enviar
a resposta ao Tribunal de Justiça.
Outro lado
Em sua defesa, advogados de
Pitta argumentaram que o prefeito não tinha conhecimento das
publicações e que isto partiu de
um funcionário da prefeitura.
Os advogados dizem que ele,
como prefeito de São Paulo, não
tem como controlar tudo o que se
passa na administração.
Segundo os advogados, em nenhum documento aparece o prefeito solicitando a publicação das
notas de esclarecimento.
O secretário municipal da Comunicação Social, Antenor Braido, foi procurado ontem para comentar a reportagem, mas não foi
localizado até as 19h.
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