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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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SEGURANÇA

Bandidos cobram por "proteção" nas ruas e roubam desde celulares e relógios a brinquedos dos estudantes

Alunos são alvo de assaltos em Pinheiros

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 400 m que separam a casa do adolescente L., 12, de sua escola, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), são motivo de tensão para o estudante. Há cinco meses, ele sofreu uma tentativa de assalto ao voltar da escola Vera Cruz. Meses depois, chegou esbaforido em casa -havia sido perseguido.
Seu caso não é único. Cerca de 40 alunos da mesma escola já foram assaltados ou perseguidos nos últimos dois meses, segundo levantamento divulgado por um grupo de pais formado para combater o aumento da criminalidade perto das escolas do bairro. Os bandidos, também adolescentes, levam tênis, relógios e até cartas do jogo japonês "Yu-Gi-Oh!".
"Não é um problema de meia dúzia de pais, é geral. Há a violência mais grossa, que são os assaltos às casas e essa que, embora pareça menor, assusta demais. Meu filho está com neurose de segurança", afirma o pai de L., que não quis se identificar.
O grupo foi criado após três alunos serem levados para uma praça por jovens que cobraram dinheiro em troca de "proteção". Há casos de oferta de drogas.
Na semana passada, seis alunos do colégio Hugo Sarmento, também em Pinheiros, foram assaltados. "Chamamos a ronda escolar, mas eles não acharam ninguém", afirma o diretor João Mendes.
O problema levou representantes dos colégios Hugo Sarmento, Vera Cruz, Santa Clara e Rainha da Paz e pais a uma reunião no Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de Pinheiros, na quinta-feira passada, com membros das polícias Civil e Militar.
Um dos problemas detectados, porém, é que a maioria dos pais não faz boletim de ocorrência, o que impede uma noção total dos casos. "A polícia só trabalha com indicadores criminais", diz o capitão Campos Verde, do 23º BPMM. Segundo ele, já existe um policiamento mais ostensivo perto das escolas nos horários de entrada e saída. As escolas estaduais também dispõem da ronda escolar, serviço que, quando solicitado, é estendido às particulares. Segundo o capitão, quatro escolas particulares da região estão incluídas na ronda.
Para José Cunha, cujo filho também foi assaltado, embora o aumento de policiamento seja preciso, isso não resolverá o problema. "Existe a causa que leva os outros jovens a roubarem. Estamos pensando em articular a interação das escolas particulares com as públicas e realizar ações nas favelas próximas para resolver o real problema, que é a exclusão social."


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