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SEGURANÇA
Bandidos cobram por "proteção" nas ruas e roubam desde celulares e relógios a brinquedos dos estudantes
Alunos são alvo de assaltos em Pinheiros
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 400 m que separam a casa do
adolescente L., 12, de sua escola,
em Pinheiros (zona oeste de São
Paulo), são motivo de tensão para
o estudante. Há cinco meses, ele
sofreu uma tentativa de assalto ao
voltar da escola Vera Cruz. Meses
depois, chegou esbaforido em casa -havia sido perseguido.
Seu caso não é único. Cerca de
40 alunos da mesma escola já foram assaltados ou perseguidos
nos últimos dois meses, segundo
levantamento divulgado por um
grupo de pais formado para combater o aumento da criminalidade
perto das escolas do bairro. Os
bandidos, também adolescentes,
levam tênis, relógios e até cartas
do jogo japonês "Yu-Gi-Oh!".
"Não é um problema de meia
dúzia de pais, é geral. Há a violência mais grossa, que são os assaltos às casas e essa que, embora pareça menor, assusta demais. Meu
filho está com neurose de segurança", afirma o pai de L., que não
quis se identificar.
O grupo foi criado após três alunos serem levados para uma praça por jovens que cobraram dinheiro em troca de "proteção".
Há casos de oferta de drogas.
Na semana passada, seis alunos
do colégio Hugo Sarmento, também em Pinheiros, foram assaltados. "Chamamos a ronda escolar,
mas eles não acharam ninguém",
afirma o diretor João Mendes.
O problema levou representantes dos colégios Hugo Sarmento,
Vera Cruz, Santa Clara e Rainha
da Paz e pais a uma reunião no
Conseg (Conselho Comunitário
de Segurança) de Pinheiros, na
quinta-feira passada, com membros das polícias Civil e Militar.
Um dos problemas detectados,
porém, é que a maioria dos pais
não faz boletim de ocorrência, o
que impede uma noção total dos
casos. "A polícia só trabalha com
indicadores criminais", diz o capitão Campos Verde, do 23º
BPMM. Segundo ele, já existe um
policiamento mais ostensivo perto das escolas nos horários de entrada e saída. As escolas estaduais
também dispõem da ronda escolar, serviço que, quando solicitado, é estendido às particulares. Segundo o capitão, quatro escolas
particulares da região estão incluídas na ronda.
Para José Cunha, cujo filho também foi assaltado, embora o aumento de policiamento seja preciso, isso não resolverá o problema.
"Existe a causa que leva os outros
jovens a roubarem. Estamos pensando em articular a interação das
escolas particulares com as públicas e realizar ações nas favelas
próximas para resolver o real problema, que é a exclusão social."
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