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O DUELO DO REFERENDO
No Sul, índice dos que defendem a venda de armas e munição é de 81%; em julho, "sim" tinha 80% no país
"Não" vence por 57% a 43%, indica Datafolha
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A virada consumou-se e o "não"
deve vencer o referendo sobre a
comercialização de armas de fogo
e munição, que será realizado
amanhã. Pesquisa Datafolha realizada entre anteontem e ontem,
em 151 municípios, constatou que
o "não" tem 57% das intenções de
voto, contra 43% para o "sim".
Em outras palavras, a maioria
dos entrevistados manifestou-se
contrária à proibição da venda de
armas e munição no país.
Foram entrevistadas 2.086 pessoas e desconsideradas respostas
diferentes do "não" ou "sim"
-também o Tribunal Superior
Eleitoral ignora votos brancos e
nulos na divulgação do resultado.
Há três meses, uma outra pesquisa Datafolha mostrava um
quadro bem diferente: 8 em cada
10 eleitores defendiam a proibição
do comércio de armas e munição.
Território do "não"
O contraste mais significativo
obtido na pesquisa atual foi observado ao se dividir a amostra segundo a macrorregião geográfica.
Nada menos do que 81% dos entrevistados que moram nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná manifestaram
intenção de votar "não", contra
apenas 19% favoráveis ao "sim".
A região Sul tem, portanto, o
"não" com robustos 24 pontos
percentuais a mais do que a média nacional.
Outro contraste importante é o
que se obtém ao dividir a amostra
segundo a escolaridade. Quanto
maior a escolaridade, a pesquisa
mostra, maior a incidência do
"não". Assim, entrevistados que
cursaram apenas o ensino fundamental deram 55% das intenções
de voto ao "não", contra 45% para
o "sim". O "não" vai a 59% entre
entrevistados com o ensino médio. E chega a 63% entre pessoas
com nível superior -seis pontos
percentuais a mais do que a média nacional.
Os mais pobres votam menos
no "não" (opção 1 na urna). Eleitores com renda familiar mensal
de até cinco salários mínimos dão
55% de intenções de voto ao
"não", índice que salta para 70%
se a renda está entre 5 e 10 salários
mínimos (empate técnico com
entrevistados mais ricos).
A Igreja Católica é, das grandes
religiões, a que apresenta maior
índice de defecções de fiéis. Contrariando conclamação da Confederação Nacional dos Bispos do
Brasil pelo "sim" (opção 2), 60%
dos entrevistados declarados católicos pretendem cravar "não".
As inúmeras denominações
pentecostais, entre as quais se
contam a tradicional Assembléia
de Deus, Deus é Amor, Renascer
em Cristo e Universal do Reino de
Deus, conseguiram pelo menos o
empate técnico entre o "sim" e o
"não" em suas hostes.
As igrejas evangélicas não-pentecostais (luteranos, presbiterianos, batistas e metodistas) foram
as únicas denominações religiosas em que o "sim" foi majoritário, vencendo o "não" por 10 pontos percentuais.
Em tempo: se o voto não fosse
obrigatório, 48% nem compareceriam à zona eleitoral neste domingo. O índice é semelhante ao
observado em eleições para cargos majoritários e proporcionais.
Metodologia
O levantamento do Datafolha
tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para
menos. O nível de confiança da
pesquisa é de 95% -ou seja, se
fossem realizados cem levantamentos com o mesmo método,
em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista. A
pesquisa foi registrada no TSE sob
o número 12.000/2005.
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