São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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O DUELO DO REFERENDO

No Sul, índice dos que defendem a venda de armas e munição é de 81%; em julho, "sim" tinha 80% no país

"Não" vence por 57% a 43%, indica Datafolha

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

A virada consumou-se e o "não" deve vencer o referendo sobre a comercialização de armas de fogo e munição, que será realizado amanhã. Pesquisa Datafolha realizada entre anteontem e ontem, em 151 municípios, constatou que o "não" tem 57% das intenções de voto, contra 43% para o "sim".
Em outras palavras, a maioria dos entrevistados manifestou-se contrária à proibição da venda de armas e munição no país.
Foram entrevistadas 2.086 pessoas e desconsideradas respostas diferentes do "não" ou "sim" -também o Tribunal Superior Eleitoral ignora votos brancos e nulos na divulgação do resultado.
Há três meses, uma outra pesquisa Datafolha mostrava um quadro bem diferente: 8 em cada 10 eleitores defendiam a proibição do comércio de armas e munição.

Território do "não"
O contraste mais significativo obtido na pesquisa atual foi observado ao se dividir a amostra segundo a macrorregião geográfica. Nada menos do que 81% dos entrevistados que moram nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná manifestaram intenção de votar "não", contra apenas 19% favoráveis ao "sim". A região Sul tem, portanto, o "não" com robustos 24 pontos percentuais a mais do que a média nacional.
Outro contraste importante é o que se obtém ao dividir a amostra segundo a escolaridade. Quanto maior a escolaridade, a pesquisa mostra, maior a incidência do "não". Assim, entrevistados que cursaram apenas o ensino fundamental deram 55% das intenções de voto ao "não", contra 45% para o "sim". O "não" vai a 59% entre entrevistados com o ensino médio. E chega a 63% entre pessoas com nível superior -seis pontos percentuais a mais do que a média nacional.
Os mais pobres votam menos no "não" (opção 1 na urna). Eleitores com renda familiar mensal de até cinco salários mínimos dão 55% de intenções de voto ao "não", índice que salta para 70% se a renda está entre 5 e 10 salários mínimos (empate técnico com entrevistados mais ricos).
A Igreja Católica é, das grandes religiões, a que apresenta maior índice de defecções de fiéis. Contrariando conclamação da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil pelo "sim" (opção 2), 60% dos entrevistados declarados católicos pretendem cravar "não".
As inúmeras denominações pentecostais, entre as quais se contam a tradicional Assembléia de Deus, Deus é Amor, Renascer em Cristo e Universal do Reino de Deus, conseguiram pelo menos o empate técnico entre o "sim" e o "não" em suas hostes.
As igrejas evangélicas não-pentecostais (luteranos, presbiterianos, batistas e metodistas) foram as únicas denominações religiosas em que o "sim" foi majoritário, vencendo o "não" por 10 pontos percentuais.
Em tempo: se o voto não fosse obrigatório, 48% nem compareceriam à zona eleitoral neste domingo. O índice é semelhante ao observado em eleições para cargos majoritários e proporcionais.

Metodologia
O levantamento do Datafolha tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança da pesquisa é de 95% -ou seja, se fossem realizados cem levantamentos com o mesmo método, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número 12.000/2005.


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