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O DUELO DO REFERENDO
Maioria dos entrevistados da região (53%) mostrou-se favorável à proibição da venda de armas
"República" do Nordeste daria vitória ao "sim"
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma hipotética República Nordestina baniria o comércio de armas de fogo. Única dentre as macrorregiões do país em que a
maioria dos entrevistados manifestou-se favorável ao "sim" (53%
a 47% dos votos válidos), o Nordeste é dono de alguns dos piores
indicadores sociais.
Exemplos: Segundo o IBGE, em
2002, os trabalhadores do Nordeste recebiam, por hora, 53% do
rendimento auferido no Sudeste.
Em 2003, esse percentual ficou
ainda pior. Passou para 50%. No
mesmo ano, registravam-se na região 700 mil crianças de 5 a 13
anos trabalhando para ajudar a
manter suas famílias.
O "sim" aparece com mais freqüência onde são piores os indicadores sociais. Assim, a proibição da venda de armas de fogo e
munição logrou seus melhores resultados (o que não significa vitória) entre mulheres, negros, cidadãos com escolaridade fundamental e mais baixo padrão de
renda familiar.
Rendimento
Segundo o IBGE, o rendimento
médio mensal para trabalhadores
do sexo masculino é de R$ 719,90,
enquanto que o de mulheres trabalhadoras é de R$ 505,90.
Na pesquisa, 47% das mulheres
declararam voto no "sim", contra
apenas 39% de "sim" entre os homens. Uma diferença de 8 pontos
percentuais.
Quando se faz o cruzamento segundo a cor de pele autoatribuída
pelos entrevistados, o padrão se
repete, o "sim" aparecendo mais
freqüentemente na parcela mais
vulnerável da população.
Segundo o Censo 2000, a população negra e parda é a mais pobre, a que tem menos acesso à
educação, ao trabalho e aos serviços públicos básicos.
Os negros desempregados têm,
em média, mais tempo de estudo
que os negros empregados -o
que não acontece entre os brancos, aponta o IBGE. Os negros
ocupados estudaram 7,7 anos e os
desempregados, 8,0 anos. Os trabalhadores brancos têm mais
tempo de estudo, estejam eles empregados (9,8 anos) ou procurando emprego (9,5 anos).
A cada mil nascimentos, morrem 37,3 crianças brancas e 62,3
negras e pardas. A mortalidade
entre menores de 5 anos é de 45,7
crianças brancas e de 76,1 negras e
pardas. Do percentual de 27,3%
domicílios brasileiros chefiados
por mulheres, as negras chefiam
os mais pobres. Entre os analfabetos de 15 anos ou mais, 8,3% são
brancos, 21% são negros e 19,6%
são pardos.
36% dos autodeclarados brancos preferem o "sim", índice que
cresce para 44% entre os negros e
chega a 48% entre os pardos.
O contraste fica ainda mais dramático na confrontação das intenções de votos das mulheres
brancas e de não-brancas: brancas dão maioria para o "não". Só
40% escolheram o "sim".
Nas "não-brancas" (negras e
pardas), observa-se um empate
técnico entre "sim" e "não". São
10 pontos percentuais a mais para
o "sim".
(LC)
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