São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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Presidencialismo também virou jogo rápido em 93

DA REPORTAGEM LOCAL

A velocidade com que o "não" engoliu o "sim" (há três meses, 8 em cada 10 entrevistados declaravam-se favoráveis à proibição do comércio de armas e munições) parece espantosa. Hoje, o "não" tem 57% das intenções de voto, contra 43% do "sim". Mas, em 1993, quando ocorreu o plebiscito sobre o sistema de governo, um fenômeno parecido aconteceu.
Pouco mais de quatro meses antes da data marcada para a consulta (que aconteceu em 21 de abril de 1993), o parlamentarismo confrontando-se com o presidencialismo na preferência popular, o parlamentarismo cravava a maioria absoluta das escolhas: 52% contra 48% de intenções para o sistema que era vigente na época.
No começo de fevereiro, menos de um mês depois da primeira pesquisa, presidencialismo e parlamentarismo estavam praticamente empatados na pesquisa de intenção de votos.
No dia 7 de março, publicava-se nova pesquisa, agora com o presidencialismo já na frente, transformado em opção da maioria absoluta do eleitorado: 52%. O parlamentarismo, na mesma pesquisa, tinha minguado para apenas 26%, indecisos ficando em 19%.

Horário eleitoral
No dia do plebiscito, a diferença foi ainda maior. O presidencialismo teve 60% das preferências dos eleitores, contra os mesmos 26% favoráveis ao parlamentarismo.
No plebiscito de 1993, como agora, a explicação para a vertiginosa mudança de índices vem do horário eleitoral gratuito.
Naquela época, os partidários do presidencialismo conseguiram pespegar no parlamentarismo a pecha de adversário das eleições diretas para presidente, recém-recuperadas no país, depois de 26 anos de uma ditadura militar.
Os parlamentaristas, por seu turno, não conseguiram convencer os eleitores de que, no regime que defendiam, também cabiam diretas presidenciais.
Agora, no referendo sobre a comercialização das armas, os partidários do "não" conseguiram fazer passar a idéia de que os defensores do "sim" acabariam deixando os bandidos mais à vontade para cometer seus crimes.
(LAURA CAPRIGLIONE)


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